Sunday, November 17, 2024

TODOS OS DIAS


 

TODOS OS DIAS

 

Todos os dias quero ver as flores a renascer,

uma dessas maravilhas da natureza ;

guardar os sorrisos de cada face de simpatia;

o brilho de cada olhar de esperança,

em cada encontro de amizade.

 

Querer sentir os silêncios da solidão,

transformados em auroras de felicidade,

e em cada lágrima, um conforto,

em cada saudade, um sentido de amor.

 

Todos os dias quero guardar alegrias

vinda dos corações, das almas felizes,

dos que exaltam o amor da vida,

para quando não mais poder guardar,

viverei com essas saudades tidas.

 

Valdemar Muge

AINDA QUERO


 

AINDA QUERO

Ainda quero respirar a aragem deste mar

que  me suavisa e que vem debruçar-se a meus pés;

este pôr de sol que adormece no ondolado da água

e se espraia na branca areia, afagando,

porque virá o dia que tudo isto será ausência,

será saudade.

 

Quero ter as manhãs de esperança que me despertam

das ilusões e sonhos que não foram vencidos;

possuir a alegre e feliz vivência de cada dia,  

esse alegre cantar, essa alegre melodia;

ter o odor da terra, do pão e dos frutos dela nascidos,

que a raiz faz nascer a seiva da essência,

e ouvir o cantar do nascer da água da fonte da vida,

esse êxodo silêncio que desliza ao mar e nos alimenta,

porque virá o dia que minhas mãos ficarão vazias,

e meu olhar sem que tudo isto possa ver.

 

Quero sempre crer que permaneça  a felicidade

nos corações ao ver os sorrisos nas vossas faces

vindos do sentir do coração, que trazem quantas

emoções de alegria e silêncios de saudade;

ouvir as palavras de amizade e ternura,

que a alma brota em rios de felicidade,

e das mãos, o afago querido e sincero partilhado,

que o amor sem barreiras consegue vencer,

porque este tempo nos foge

e seremos levados por outro

sem querer e não sabemos quando ser.

 

Aqui, tudo isto ficará com a saudade,

porque para além irá apenas o bem que soubemos dar

para o novo tempo,

para o novo caminhar ao encontro de Alguém

que nos espera e nos quer além.

 

Valdemar Muge

Friday, November 01, 2024

AFINAL NÃO SEI QUE VIDA TERIA


AFINAL NÃO SEI QUE VIDA TERIA



Afinal não sei que vida teria,

a que tenho ou outra desejaria ter...

mas essa que não tenho,

como saberei se depois a quero e nela ser?

Se esta que a amo, a outra, mais a viria amar?...

Não sei. Mas para quê, ter essa ilusão? ...

Se quem manda é o coração,

e na outra poderia  como esta, o amor cantar.?

 

A felicidade, por mais que se tenha,

sempre se acha que pouco seja...

se então outra vida tivesse,

será que mais feliz nela estivesse?

 

Que importa dizer que se é infeliz,

se a vida tem dor e amor,

porque no coração, cabe o sofrimento e a paixão,

dons da essência, bons ou fracos, são o que são.

O melhor, então, será guardar dentro de nós,

os dons que esta vida deu,

a beleza que nos vem em cada dia,

em cada amanhecer, que para nós nasceu.


De cada momento, bendizer a luz do sol,

e o alimento da chuva,,

esses presentes que nos dão vida dia-a-dia.

Graças daremos á vida que recebemos,

porque outra vida se o destino não deu,

é porque nossa não era e doutro seria seu,

e esta, nossa era para vivermos o que ela tinha.

 

Eu, serei o sonhador no que sou,   

abraçando as auroras, caminho e vou,

neste sentir da existência que a vida me deu.

                                                                                

Valdemar Muge

Thursday, October 31, 2024

QUANTO TEMPO TIVE


 

QUANTO TEMPO TIVE

 

Quanto tempo tive, percorri e senti:

No florescer dos primeiros dias que o vi,

fui encanto, doce ternura, desejo tanto.

 

E o tempo passava e a primavera chegava:

Tive quantas pessoas que me amaram...

Tanto florescer de cada dia que me encantou,

tantos sonhos que o coração criou.

 

Vivi quantos Estios do sol, do vento, da chuva..

fui alguém que quis ser, mas também não me fiz crer...

ser ou não ser, acontece sem que pareça permanecer,

pois o tempo corre e a traz não volta para o mesmo acontecer.

 

Nos outonos, sonhei na cama dourada do folheado caído,

e no silêncio vivido dos sentidos do encanto das palavras.

Tempo de meditação, sentir profundo encontrado...

tempo de despedida de quanta alegria que é passado.

 

Já meus passos pisam a terra do tempo invernal,

essa que um dia também pousará em mim...

Meu corpo será pó frio como este vento de inverno,

mas serei espírito renoovado no próximo tempo eterno.

 

Agora, que já tenho todos estes tempos guardados,

que já tenho esse brilho solar que aquece,

essa chuva suave que a natureza agradece,

esses silêncios nostálgicos das saudades,

esse vento que navegava com os sonhos tidos,

esses silêncios onde o amor nasceu

e permaneceu nas primaveras da vida, no coração contidos;

 

Agora que já tenho os cânticos dos pássaros da manhã,

a beleza de cada flore a desabrochar, renascendo,

a alegria da criança na inocente e graça sã,

e a felicidade da mocidade

nos sorrisos e abraços acontecidos e vividos,

levarei tudo isto comigo,

porque serei chuva, serei brilho de estrela da noite;

levarei para o futuro tempo que me espera,

e me espalharei como sementes nesse tempo de PAZ

para que floresçam e se propaguem, e fruto dará

desse alguém que hoje carrega a esperança

que o amor deve existir no espírito de cada alma.

 

E, todos estes tempos passados, serão saudade

um dia na eternidade, nessa tranquila distância..

como a simples pétala, tudo será fragrância,

porque nesse tempo de silêncio, não haverá arrogância.

 

Valdemar Muge

SENTIDOS DE POESIA IV



 SENTIDOS DE. POESIA

 

                              IV

 

Reflete e sentirás

que quando no nosso íntimo

exercemos a liberdade que julgamos justa,

a que respeitamos harmoniosamente a nós e ao próximo,

estará a felicidade que desejamos na vida,

o desejo de viver que a humanidade precisa.

 

Enquanto não se tem, será sonho,

para depois de se ter, ser a realidade conseguida.

Mas quantos sonhos que no  tempo felizes são,

e as realidades vindas tristes serão.

Só depois de se viver o que se não  tinha,

é que se sabe o que se tem,

antes, era sonhos, que se imaginava porém.

 

Que todos nós sejamos livres como o pensamento,

e alegres como o agradecimento á vida.

Que o eco da livre voz, corra como o vento,

e nos rostos sempre nascem esplendores de sorrisos.

Que nos corações permaneça os sentidos do amor,

da esperança, da harmonia, da concórdia,

e de todas as mãos,

saia a generosidade e o afeto..

Que dos lábios,

floresça as palavras da amizade e fraternidade,

e nas veias,

corra o sangue da vida de cada madrugada de paz.

Pois se o pássaro voa feliz na sua liberdade,

e a água da fonte é alegre por dar vida...

porque é canto, é hino de alegria que nos inebria,

é luz que ilumina a feliz e harmoniosa vivência,

é fonte viva da alma que nos deu a natureza,

também nós

saberemos viver a liberdade na paz e na fraternidade.

 

Valdemar Muge

Sunday, October 13, 2024

NO LONGO CAMINHO


   

NO LONGO CAMINHO

 

No longo caminho que percorri,

subi ao alto da colina que me esperava,

parei, meditei, permaneci:

Meu olhar abraçou a dádiva da vida,

e vi por quê o coração sentiu e amou;

olhei o brilho vindo do céu que quanto me iluminou e acariciou,

esse resplendor de Luz que me seguiu e amparou;

as Estrelas que me indicaram o caminho,

maravilha e mistério este que extasia e seduz,

lá deixei louvores a quem criou tamanha natureza,

esse  Universo infindável de excelsa beleza.

 

Além, do horizonte que desponta, estará a paz desejada,

o renascer esperado, a Aurora da esperança,

a continuação para a caminhada do Amor da nova Aliança.

Ao poente, pela planície que desliza até  ao mar,

nos caminhos percorridos, os sulcos da vida são memórias;

o bailado colorido das alegrias e felicidade tida, são histórias;

são memórias que ficaram dos sorrisos de simpatia

com os olhares de ternura, serão sempre vivas recordações;

o alegre cântico da criança, rindo e brincando,

e a saudade do idoso, são quantos afetos passados.

  

A mocidade, essa sonha e corre,

vive enquanto o tempo não lhe foge.

Vi o suor do homem no sangue da terra,

germinando o pão da vida,

vivo louvor que os corações encerra,

e a flor ainda com o orvalho do sonho que o sol lhe reluz,

esse encanto oferecido da natureza que seduz!

nos rostos, as lágrimas das saudades havidas

por quem que pelo mar partiu,

e na mansidão ao por-do-sol nos mostra e sentiu

o reflexo da paz e da suavidade, no sentir dos corações,

esse reflexo do espírito na grandeza da vida.

 

E neste sentir que me acolhe,

caminho enquanto este tempo assim me deixar:

levarei em meus passos, tudo isto que vejo, cantando.

Direi ao vento o meu propósito, sempre a todos amando,

e ao sol, o meu destino mesmo que seja de poesia com Amor,

porque aqui ou além sempre Te chamo, e contigo irei, Senhor.

 

Valdemar Muge

Saturday, July 20, 2024

QUERIA O SONHO QUE AINDA ME FALTA





 QUERIA O SONHO QUE AINDA ME FALTA

 

Queria o sonho que ainda me falta ter.

Queria ver a Luz Criadora que me protege para eu o ser,

a que me acompanha desde o nascer até  ao morrer;

O crepúsculo a anunciar de quando do meu nascer,

com a entrega da vida fecundada para poder viver.

 

Daqui, não preciso de sonhar...

a realidade se tem no que se sente

da vivência de todos os momentos presentes.

Teremos o que seremos capazes de criar;

teremos a felicidade se soubermos amar;

seremos grandiosos, se soubermos partilhar,

e sublimes se a alma enaltece toda a Vida dada.

 

Queria mais um sonho ter...

para ver se quando morrer,

vou ter o mesmo sentir que o daqui ser,

o mesmo ter que neste permanecer tive.

Mas não! Não quero mais sonhar,

prefiro construir as realidades que me esperam,

as que a alma mais deseja na paz e no Amor,

para ir ao encontro desse sublime Mistério,

sem medos, sem loucuras, nessa paz que perdura.

 

Valdemar Muge

GUARDO EM MIM

 


GUARDO EM MIM


Guardo em mim, as carícias e a inocência de criança

envoltas nas ternuras maternais como querida herança;

os sonhos e as ilusões da juventude passada,

com o brilho das estrelas, esse encanto tido;

as paixões e as venturas na ansia do viver

com igual marejar das ondas do mar se deleitando;

na quietude da essência vivida,

os tempos de felicidade e amor

são pouso nos jardins que me floriram

nas auroras que nasceram ao abraçar a vida.

 

Hoje, nos silêncios de recordações,

serei essa criança, esse adolescente;

Esse ser que viveu de quantos momentos queridos,

porque os guardei amando-os e desejando.

Os outros, esses amargos e tristes,

navegaram na nebulosa do esquecimento

percorrendo fronteiras no perdido vento.

 

Guardo em mim,

as imagens que criei nos silêncios da esperança;

vivo com a felicidade do sentir nas vivências da existência;

o que fui,

serão recordações de quanto ficou do que se passou,

para agora mais o ser em tudo o que fui, o que agora sou.

 

Valdemar Muge

Saturday, June 08, 2024

UM DIA, QUANDO OUVIRES



 UM DIA, QUANDO OUVIRES

 

Um dia, quando ouvires o pássaro cantar junto de ti,

será o meu novo canto...

é a maneiro de estar perto de ti,

para continuar a ver teu sorriso de encanto.

 

Ás-de sentir o vento passar e ele te amaciará

 com terno e doce desejo.

Será bálsamo de saudade,

será um pouco de carinho que ainda te deixo.

 

Quando olhares para as estrelas,

fecha os olhos e sonha em mim...

estarei lá para te embalar,

e os dois seremos eternos até ao fim.

 

Valdemar Muge

QUANTO DESEJEI SUBIR



 QUANTO DESEJEI SUBIR

 

Quanto desejei subir.. subir até às estrelas

para ver de perto o brilho da sua essência...

mas não fui capaz, percorri por cá, abraçando a vida,

fiquei na claridade da Terra que me foi oferecida.

 

Quanto desejei voar, voar como os pássaros,

com eles, sentindo a liberdade com alegria e paz.

Mas asas não tinha, e os pássaros não me criam...

vivi a alegria, com as pessoas com a felicidade que tinham.

 

Agora, só quero a vida para ver a construção da paz;

ver o renascer duma natureza mais sã e harmoniosa,

a presença da alegria nos rostos de felicidade,

o brotar da doçura nos corações irmanados, amados,

a exaltação do amor nas pessoas em cada dia,

um mundo mais humano e de menos dor sentida.

 

Valdemar Muge

Tuesday, May 28, 2024

NUM PRÓXIMO DIA

        

NUM PRÓXIMO DIA

 

Num próximo dia, havemos de ver acontecer:

nos silêncios permanecidos, cantar-se-á a alegria e a felicidade,

para este mar infindável de lágrimas e dor que no mundo permanece.

 

A paz que então depois haverá, mostrará a todos, as maravilhas do amor esperado

nesse novo amanhecer, e nascerá então a compreensão da humanidade.

 

O abraço sincero, será  fecundo, unirá uma infindável amizade,

para que todos se compreendam e se respeitem mutuamente.

 

O sorriso encontrado, será o início dum futuro desejado,

o da harmonia em cada dia, em cada momento, em cada ser.

 

A chuva regará os frutos do amor e da paz,

que alimentará a seiva da renovada vida;

o sol iluminará os seres de felicidade,

nas claras manhãs da compreensão e harmonia.

E da noite escura e triste da terra, nascerá o dia da alegria,

da cordialidade, da luz da amizade;

dos silêncios do tempo, nascerá a primavera das flores da paz,

e a mansidão do sol do outono dourado, embalará os corações;

virá a brisa das manhãs que nos trazem as carícias da saudade,

e as mãos se darão harmoniosamente, meiga-mente...

e as vozes, enfim, cantarão a felicidade que se esperava sempre.

 

Deixemo-nos alimentar estes sonhos na vida,

estas esperanças que o coração fortalece,

esses sonhos de desejos que queremos ter,

porque crer é desejo de possuir,

querer é esperança de realizar

os desejos de paz e harmonia,

é saber todos amar no permanente viver.


Ignoro se alguém me presta atenção,

ou se leve este meu sentir em consideração,

mas no coração, permanecendo-o, haverá mais alegria,

e a alma sentir-se-á mais sublime em cada dia.


 

Valdemar Muge

Sunday, May 19, 2024

ESTA CHUVA


VIVI CADA DIA



 VIVI CADA DIA


Vivi cada dia,

amando-o hoje para amanhã ser mais feliz,

com um amanhecer de encontros de fraternidade;

com sonhos dum mundo de compreensão, paz e amizade.

Por isso vivi com quantos desejos de uma melhor humanidade.

 

Vivi cada dia,

com a ternura nos vossos olhos;

com o afeto dos vossos corações;

com flores das vossas dádivas;

com os sonhos do vosso amor.

Assim vivi com a esperança de no mundo haver menos dor.

 

Vivi cada dia,

percorrendo o tempo envolto pela música da natureza,

e embalado na aragem de cada dia,

indo ao encontro da paz esperada de amanhã.

Vivi no silêncio á espera da claridade do novo dia,

da surpresa da nova realidade, das novas vivências.

 

Vivi em mim aquilo que soube,

o que não sabia não fiz.

Mas mais o queria fazer,

quando tarde me vi, a vida já para não fazer o diz.

O tempo passou, não espera, não nos enlaça,

quando pensamos o que ainda somos e nos vemos,

é tarde, já pouco temos, já pouco somos,

como depressa a vida nos passa.

 

Valdemar Muge

O TEMPO



O TEMPO

 

O passado, estará presente na recordação;

o futuro, esse, com a nossa imaginação.

O passado, é o tempo de histórias vividas;

o futuro, a procura de conquistas e vitórias.

O tempo real, é o presente, a vivência atual;

o passado, já não existe, viveu o seu tempo,

é recordação, memórias, não haverá outro igual;

o futuro, só existirá quando o presente o permanecer,

assim será para que não  se possa o tempo escolher.

O presente, é reconstrução, essência, imaginação;

vivência harmoniosa, fraternidade, desejo de felicidade.

O presente, é o meu tempo, o amado, o desejado.

O passado, me é ausência,

seguiu seu destino, me fugiu;

o futuro, esse desconhecido,

só será amigo quando a ele chegar...

assim, hoje, enquanto não me ausentar,

este presente sempre o quererei amar.

 

Valdemar Muge

DESPEDIDA


 

DESPEDIDA

 

Canto este que hoje é triste, que ouço e que sinto,

a habitual alegre melodia não existe, esse ausente encanto:

o tempo está triste, é tempo de despedida,

é saudade deixada para quem vos foi querida.

Ide, do vosso habitual canto, fica o sentir  da saudade;

da vossa presença, a lembrança amiga: a amizade.

Andorinha e melro, rolas e perdizes,

de vós me despeço até quando não sei

e nem mais sei se vos verei...

mas sei que pró ano ouvirei de outros, talvez,

mais cantos, mais hino á alegria da natureza, á vida.

 

Valdemar Muge

COM AS PALAVRAS


 

COM AS PALAVRAS

 

No cântico do nascimento,

nesse desabrochar á vida,

o novo ser chora para mais tarde cantar

a alegria, a vida, a existência.

E esse romper  da essência de destino marcado,

esperam-lhe as palavras que lhe darão esperança

dos sonhos a realizar e a concretizar, então esperados.

Essa nova vida, será construtor das palavras de amor,

o desejo de felicidade desde criança,

de sorrisos de amizade, de carinho, quando mulher e mãe.

Partilhará palavras que nos chegam ao coração,

que constroem a amizade e mostram a sinceridade;

será participante de palavras de conforto na solidão,

das lágrimas deixadas nos silêncios tidos,

de quantas ouvidas amargamente sentidas.

e o oráculo das palavras de oração, de fé, de gratidão.

 

Nasce e viverás com a força inspiradora das palavras,

com a luz criadora do diálogo, da convivência.

Terá palavras que serão derramadas na dor do seu sangue,

terá as que têm a força da vida, a audácia, a vitória,

mas quantas também surgirão do desespero, da dor, da desilusão.

Quantas palavras virão que não as desejava,

que não quererá ouvir, e que não quer escrever,

preferia que ficassem no silêncio do esquecimento...

mas também há quantas queridas que esperam por nós

a qualquer momento.

 

Nas palavras estará os caminhos a seguir

aos encontros belos que a vida tem,

mas nos percursos sempre haverá obstáculos que nos vem.

 

Valdemar Muge

Wednesday, April 24, 2024

NAQUELE AMANHECER


 NAQUELE AMANHECER

 

Naquele amanhecer, brilha a liberdade!

Da longa noite silenciosa, nasce a madrugada esperada:

Ouvia-se o clamor da vitória pronunciada;

via-se florescer cravos nas armas do silêncio,

e aquela esperança desejada, era agora realizada;

emoções contagiantes, coragem nascida da resistência;

abraços, cantigas, desejos futuros então nasciam;

nas mãos, via-se o florescer dos sonhos no novo dia,

nos olhos, o brilho de futuros desejos que brotavam,

nos corações, a exaltação de uma nova felicidade.

As vozes jamais se calavam, o povo assim queria,

e a liberdade de expressão enfim vencia.

Naquela manhã, finalmente tudo renascia!

 

Tanto tempo já foi que aconteceu,

há cinquenta anos se gritou

a tão esperada liberdade

do ansioso abraço da fraternidade.

Desejou-se o novo futuro da igualdade,

desejou-se a justiça, a paz, a prosperidade

irmanada no respeito fecundado e sempre a verdade.

 

Mas hoje ainda se clama que a democracia não faleça,

que a corrupção desapareça,

que a misérias não mais permaneça,

que a justiça sempre seja feita na boa sentença.

Mas esse clamor para quantos é vão

e as injustiças ainda quantas se permanecerão:

com elas, não é essa a pátria que queremos.

Por isso, é  que se continuará a cantar a liberdade

que nasceu dos corações há meio século,

até que a voz se enrouqueça,

e a alma grandiosa, a vitória enalteça,

essa vitória que o sol iluminou e vida fecundou,

que portas abriram ao mundo da fraternidade.

 

Valdemar Muge

Sunday, April 07, 2024

ESPERA


 

ESPERA

 

Espera, que depois da escuridão virá a claridade.

No teu silêncio, encontrarás a luz da claridade,

da realidade da razão,

essa tão desejada compreensão.

Espera que a escuridão te abandone,

e quando vier a nova aurora,

teus desejos se iluminarão, se concretização.

 

Esta chuva que me entristece, nos dias que passam,

estes dias que escurece, e as aves já não passam,

é tempo que em mim permanece.

Nestes dias sombrios e tristes que são,

caem lágrimas deixadas que a chuva arrefece,

é escuro sentir que dentro de mim permanece.

 

O dia nasceu para ti, hoje.

Não o desperdices, porque amanhã outro não será igual,

não saberás se outro terás, ou outro igual será.

Ama tudo que está á tua volta, porque nasceu para ti.

Ama hoje, porque amanhã não saberás se o poderás fazer.

 

Porquê esta tristeza no silêncio, porquê esta dor no coração,

este sentir, antes fosse ilusão,

mas é tristeza que vem de tanta precariedade,

é a tristeza que nasce ao ver a presente realidade

camuflada nas injustiças, nas corrupções ditas.

 

Valdemar Muge

TANTO ESPEREI PELA PRIMAVERA


 

TANTO ESPEREI PELA PRIMAVERA

 

Tanto esperei pela primavera, com tanto anseio,

dela ter o encanto de ver tudo a florescer;

de abraçar a sua nova vida, do renascer;

do florescer da contínua esperança

da igualdade, da justiça, da fraternidade;

e de ouvir o canto da cotovia a anunciar a felicidade...

mas como essa presença foi breve,

a minha primavera depressa se despediu e me fugiu,

e esse anseio se diluiu em mar de desilusão,

e tão pouco a amei, de realidade passou para ilusão.

 

Então, me chegou o prometido verão,

o acolhi para jumtos permanecermos,

para viver essa natureza de luz,

esse possuir do tempo da sua vida,

essa dança das espigas do trigo maduro,

o cantar da água que nos corpos refresca,

e a alegria nos corações das chegadas do que era saudade...

tudo isso ter, tudo isso queria no meu viver,

mas destino da vida este, de mim se cansou...

bem parou, me abraçou, mas também não ficou.

 

Que venha o outono, esse terno companheiro,

esse eterno poeta, esse eterno pintor.

Que me venha abraçar com o seu encanto colorido,

e o embalo do vento sonhador.

Que me venha com a sua dança das folhas aguareladas

e a melodia da brisa que nelas passa embalada,

essa poesia que nos faz cantar e sonhar;

esse tempo que nos passa na vida

que nos faz querer tanto amar.

Destino este que a vida tem...

também breve foi, passou e não mais me vem..

quando pensamos o que amamos não nos deixa,

é curta a vivência, nos foge e nos deixa sem a ter.

Deixou a saudade gravada no peito para que sempre a amasse.

Tinha o tempo marcado, para que o inverno chegasse.

 

E o prometido é devido.

O inverno bem me trouxe essa chuva,

esse frio que não aquece os corações,

esse aproximar fim da vida que a vida tem,

e com tanta vida ainda para amar, que já não vem,

porque amar é viver, alma sublime de ser,

sem amar o que será de mim, o que será de ti?

- um pobre ser, um triste viver!

Esse, não nos deixa facilmente:

Aconchega-se até que um dia com ele,

seguiremos no vento chuvoso e frio

para os infinitos horizontes desconhecidos.

 

Na nossa existência, muito tivemos

e pouco guardamos para a vida além.

Como são passageira as acontecidas vivências,

pois elas pertencem a cada tempo da sua existência.

E assim, o vento que passava, perdidas, quanto levava:

levou quantas pétalas da primavera ansiada,

da esperança aguardada, que foi iludida,

do cântico da alegria a anunciar a paz,

mas também deixou o sentido da sabedoria encontrada...

mas talvez noutra vida, terei essas ausências de hoje,

se assim for, as guardarei para um dia as partilhar.

Entretanto, outro vento virá, a natureza assim o faz,

esse traz-nos a saudade do que foi e que não volta a traz,

essa vida adormecida onde não houve sonhos e quanta perdi,

dessa quanta que não vivi e que não vi.

E aquela flor que tanto a cantei, saudosa comigo a levarei,

mas outras virão, que outras vozes as cantarão.

 

 

A vida que tivemos, a existência que nos foi dada,

essa sim, foi nossa enquanto a soubemos sonhar e amar,

se sempre assim fizéssemos valerá imenso a nossa existência,

porque quando então não mais podermos caminhar

neste peregrinar, tudo será ausência,

tudo será saudade...

 

Valdemar Muge

Friday, March 15, 2024

TEUS OLHOS TRISTES


 

TEUS OLHOS TRISTES

 

Teus olhos tristes, mostram o desanimo

na saudade do tempo que viveste,

e nas quantas tristes horas que perdeste.

Hoje, te olhas, e vês como o tempo te passou,

essa mulher que eras, e quanto amou,

que corria como o vento,

que abraçava como o sol,

que tudo amava como a ansiedade;

esse teu tempo, muito foi para outros,

para esse alguém que então o precisava,

agora, essa mulher, hoje, é saudade, ela jamais voltou.

 

Poderás pensar que o tempo que depressa te passou,

mas tiveste aquele que também tanto te amou;

tiveste quantos instantes de felicidade,

de alegria, de amor;

tivestes quantos silêncios de paz e de tristeza.

As lágrimas foram teu desabafo

e a face as enxugaram, vencendo;

os sorrisos te nasciam da face,

e fluíam nos corações da paz,da alegria, da felicidade!

 

Não desanimes, tiveste o teu tempo que para ti nasceu...

abraçaste-o conforme soubeste;

darás graças ao que tiveste,

esse, era o que te estava destinado ser.

Aquele que deste a outros, te ficará de sublime satisfação,

terás recompensa um dia, dessa nobre ação.

 

A caminhada, ainda não terminaste,

e ainda tens muito do teu tempo para o abraçar,

porque ainda não encontraste todos os afetos;

todos os sorrisos de amizade e carinho,

e os encontros de paz e amor.

Caminha, e encontrarás o horizonte que te espera,

esse, que idealizaste de paz e alegria.

 

 Valdemar Muge

Friday, March 08, 2024

QUE FELICIDADE ESTA


 

QUE FELICIDADE ESTA

 

Que felicidade esta,

termos um sol que nos aquece,

que nos abraça, nos protege;

termos a água que nos dá vida,

nos alimenta, nos sacia;

o mar, que fecunda a natureza,

força da vida, fonte de alimento e beleza;

o ar, a terra, a germinação para a sobrevivência,

este mundo para nós tão perfeito nesta sua essência.

 

Mas também quanta tristeza esta,

que ingratidão infinda,

o ser humano, e quantos são ainda!

na ânsia da sobrevivência iguista,

essa beleza que para si foi oferecida,

essa harmonia da natureza,

esse equilíbrio fundamental da essência,

a assacina, a corrói, a destrói

em guerras e exploração desumana!

 

O mundo chora ao ver que é destruído,

e esses auto-destruidores

mal sabem que se estão a destruir a eles.

Os corações são-lhes insensíveis,

porque as lágrimas derramadas dos inocentes

não são capazes de chegarem aos seus maléficos corações.

 

Valdemar Muge

Thursday, March 07, 2024

O TEMPO ME TROUXE


 

O TEMPO ME TROUXE

 

O tempo me trouxe.

e o tempo me levará;

ele passa, e como depressa me passou ...

com ele, vão quantas amizades que a morte as levou.

 

Velhos amigos, desse tempo de mocidade,

tempos felizes de quando dessa primavera,

a alegria fluía, os sonhos nasciam, tudo era...

agora, são saudades desse tempo que já lá vai,

são nostalgia das memórias que do coração sai.

Agora, com a saudade de quem vai,

a tristeza aqui fica num coração sentido,

e uma lágrima no húmido rosto vai caindo.

 

Nos silêncios de cada amizade,

nascem as rosas brancas da saudade ...

delas, ficam as pétalas de gratidão dentro de mim,

dessas recordações amigas sem fim.

 

Mas afinal, novo tempo para outros, vai chegando,

mas para mim vai passando, vai despedindo,

para em escura noite nos tornarmos em pó, nessa partida,

mas com a esperança dessa noite vir a alvorada desejada.

 

Valdemar Muge

Saturday, March 02, 2024

QUANDO A BRISA PASSA



 QUANDO A BRISA PASSA

Quando a brisa passa neste silêncio que me abraça,

neste esvoaçar do tempo de recordações e de saudades,

ouço ténue eco que me deixa em segredo,

que me faz lembrar e invade o pensamento,

me faz parecer aquilo que era e agora não é,

aquele saudoso e amado pregão,

essa melodia da varina quando na rua percorria,

esse cantar nascido da gente do mar de então,

desse mar que me faz recordar na brisa que passa,

esse encanto, essa graça nas ruas, da varina descalça.

 

Esse sentir que me aconchega,

 será saudade ou tristeza que me chega

de agora não as ter para ouvir, para delicia;

as que registe às amarguras da vida e do mar,

eram essas, quando as tinha na rua,

nos olhares. e no seu castiço diálogo de ser...

e o mar me traz essa saudade para a ter,

e as ruas, agora, me fazem alma nua.

 

E a brisa me traz o som do mar,

me recorda quando no turbilhão das ondas,

na conquista da fauna,

esse pescador das águas desta terra, desta praia, da rua,

esse, que no mar lhes vem a força, esse ânimo, essa luta,

que o mar lhes enaltece a vida,

o mar ouve sua voz, essa voz que ecoa no tempo,

que o tempo a leva e volta com o vento.

E nesse tempo ficaram as  marcas no chão,

ficaram das caminhadas, as tristezas,

as alegrias das suas vidas, das suas paixões...

e no silêncio da brisa que do seu mar vem,

corre o eco do hino do seu louvor,

e do pregão da graciosidade das varinas de então.


E nesta brisa de saudade, neste sol de amizade,

neste tempo de recordar, neste sentir querido,

acarinhando os rostos de quem já foi,

enxugando as lágrimas de quem também chorou,

e as alegrias que a vida lhes proporcionou,

fico neste silêncio com minha alma em sublime elevação

de quanta grandeza existiu nesta terra das varinas

que sempre se recordarão.

 

Valdemar Muge