Sunday, July 25, 2021

MEU AMIGO SERÁ...

 


                    MEU AMIGO SERÁ...

 Se pedires para teu amigo ser, amigo serei:

se fores amigo de todo aquele que bem te quer ter.

Mas antes, te direi:

que quero ser amigo, daquele que amigo é:

da criança que passa e um afeto lhe deixa até;

uma mão de ajuda, de afago, de carinho que nela pousa;

uma frase, um conselho, um estímulo querido lhe deixa,

enquanto elas sonham,

sonham com as estrelas que procuram,

e aguardam os afetos desejados que ainda não viram.

 

Quero ser amigo, de quem afasta a solidão do idoso;

de quem partilha alegria a quem caminha com a tristeza;

daquele que dá paz a quem a perdeu

no escuro do desassossego;

de quem dá ternura, ao desventurado do amor;

a quem dá amor, ao desditoso, ao infeliz na dor;

àqueles que esperam na sombra da saudade,

a espera querida do conforto da felicidade...

 

Quero ser amigo,

de quem abraça a luz do sol, agradecendo-a,

e estima a vida da natureza, bem-dizendo-a;

com seus sorrisos, inundar os olhos da convivência;

com a sincera amizade,

espalhar o amor, a paz, a felicidade

a quem segue os caminhos da esperança, da Vida.

Que o elo da amizade, seja a união da confraternização;

o vento que passa e vai das ausências, da solidão,

que deixe o novo tempo de um acordar de vida,

de fraternidade,

uma esperança de novos horizontes,

ou, um mar de paixões á vida.

 

Contigo, amigo:

       quero ter a amizade com as manhãs de alegria que desponta,

       com a aragem onde se respira o doce aroma do rosmaninho,

       com o pássaro que oferece a melodia da alegria, da vida.

      Juntos, cantaremos com a música do rio que passa,

      com a brisa que nos envolve, beijando,

      com a luz que nos abraça, afagando:

      o hino á vida, á amizade, á felicidade.

 

      Quero que todos os rostos amigos,

      sejam rostos sinceros e puros,

      mesmo que já tivessem cicatrizes de dor, de angústia...

      mas agora, que tenham os olhares luminosos da poesia,

     da cordialidade, do afeto.

     Com todos vós,

     abraçaremos e caminhemos os caminhos da sã amizade.

 

            Valdemar Muge

Saturday, July 03, 2021

O RETRATO NO ESPELHO

 




               O RETRATO NO ESPELHO

O espelho da vida, me viu, e não mente...

ele me mostra a face, do quanto a alma sentiu.

Pois ao longo da vida,

quantos elogios, quanta ternura,

e quantos desagrados ouviu.

Muitos, nos ficam gravados na memória,

aqueles que foram sinceros e verdadeiros,

mas outros, procuramos esquecer,

aqueles que a memória não deixa a felicidade ser.

 

Quando me olho nesse espelho,

vejo como o tempo depressa passou,

e tanto levou e tão pouco ficou:

Já não vejo o olhar da esperança

dos quantos sonhos idealizados;

a face do renascer dos sorrisos,

dos então encontros das primaveras floridas;

os lábios desejosos do amanhecer, agora,

tão vazios e amargos do Outono que passa;

um coração que expandia a alegria,

agora, silencioso no tempo, que o tempo cria.

Um rosto que agora tanto já não tem

no enrugado da face, que agora vem,

nos sulcos da vida que a vida não perdoa,

e na voz que agora pouco ecoa,

se descobre a Saudade que a gente tem:

a das primaveras da vida, da luz,

jamais esquecidas e queridas,

que agora não reluz e mais não vem.

Mas dentro do peito, que enraizado está,

na seiva de sangue que o corpo tem,

está o homem que sempre foi, é, e sempre será.

 

Não vale a pena fingir ou disfarçar

do que parece para o que realmente é...

esse inventar, não nos levará a nada.

A realidade, sempre flui no espelho,

e o que conta, é o momento da renovação

do que somos e desejamos até.

E assim felizes seremos na vida,

não pelo que parece,

mas no que julgamos e pensamos que é.


Temos em nós, o renovar da vida, o espírito criador,

somos filhos do Criador, fruto da essência

desta natureza que tem o seu encanto:

quando a árvore está triste

por uma flor a estar deixando,

virá outra a renovar-lhe a vida, dando;

se subirmos ao cume da montanha,

onde mais perto do céu,

da luz, das estrelas estamos,

sentiremos renovados pelo infinito Esplendor...

de lá, vemos a grandeza do mar,

a força da natureza;

vemos no espelho do horizonte,

o espelho da Vida,

esse reflexo da razão,

a nossa pequenez, a essência do que somos,

a humildade que sempre devemos ter,

esta grandeza de Deus que nos fez ser.


Aqui me vejo, o que sou na realidade,

nesta noite, neste dia

que a vida amei, e fiz tanto que queria

sem disfarces, sem mentiras.

Me fiz no tempo e o tempo me levou,

( e sem tempo um dia ficarei, )

para ser agora aquilo que sou;

sonhei, cresci, vivi...

um caminhar de esperança, ao encontro

de ter o que o tempo me deixou.

E assim, me fiz gente na noite, no dia,

com alma que vos estima,

e sem a vossa amizade, que eu seria?


Valdemar Muge

A PRIMAVERA E A ANDORINHA

 


              A PRIMAVERA E A ANDORINHA

 A primavera está triste, e triste está a natureza.

Chove no dia que passa e chove no canto da tristeza;

ouve-se o ciciar do vento que passa por entre o arvoredo,

e o vento por desgraça, derrubou a jovem andorinha.

Aquela chuva pára, e o vento já longe passa,

mas a andorinha no charco, padece sua desgraça.

 

A primavera está triste e triste está a andorinha,

até parece que a primavera se vai embora,

por ver que vai perder aquela andorinha que chora.

Mas há sempre umas mãos ternas, que sara,

e um coração generoso que passa e pára:

a jovem andorinha do charco saiu,

e com o carinho encontrado, resistiu.

 

E a andorinha viu e sentiu,

que sempre haverá uma primavera,

hoje e amanhã,

que sempre florirá, e sempre se cantará,

enquanto houver umas mãos de ternura,

e um coração generoso de carinho que dure,

 o canto alegre da andorinha, aconteceu,

e então, encontrará a primavera da liberdade.


Valdemar Muge