Sunday, January 29, 2023

DITOSAS MÃOS


 

DITOSAS MÃOS

 

Ditosas mãos que espalham a ternura, o afeto, a bondade;

que ensinam, que trabalham e constroem fraternidade.

Elas percorrem caminhos, rasgam luz, navegam horizontes...

elas passam por ti, em cada dia, em cada instante,

essas ditosas mãos que de muitos de vós serão,

que de muitos de vós na bondade pousarão.

 

São essas carinhosas mãos que fluem em tempo de felicidade:

que fazem brotar o beijo do amor,

o abraço da paz em cada dia

o sorriso da amizade que perpétua,

a música da alegria da fraternidade,

que falam no silêncio da ternura, da harmonia que flutua.

 

Essas pequenas mãos que vossas serão,

membros maravilhosos e belos são,

sejam mimosas e quanto tão amorosas,

ou calejadas e em ferida das amarguras do tempo vivido,

mas que sejam humildes e generosas,

para gratas receber a luz do mundo, a da vida.

 

Valdemar Muge

PUDESSE EU


 

PUDESSE EU

 

Pudesse eu ver na calçada da rua,

com passos de felicidade, e pétalas de alegria,

em vez de sulcos de tristeza, de pobreza,

e lágrimas derramadas em cada dia;

 

ah, se eu pudesse ver no doce e triste olhar,

nesses olhos que por mim passam quase a chorar,

a alegria que então em vós resplandecia!;

 

como queria saber que nesses corações de tanta melancolia,

não terem a alegria de viver,

a primavera que então em vós existia...

se pudesse então, silenciava as guerras,

destruía a maldade, os ódios,

para que houvesse paz, harmonia.

 

Mas são os poetas que sentem o pulsar dos tristes corações,

esse sentir, que então flui em doce canto

de sua forma de existir;

são eles, quando veem as lágrimas orvalhadas nas faces,

elas as recriam em pétalas de rosas

acariciando a tristeza, a melancolia;

são eles, arautos da paz, da harmonia, do amor,

porque sempre sonharam para que não houvesse dor!

 

Valdemar Muge

ADÁGIO POÉTICO

 

ADÁGIO  POÉTICO                  

 

No céu, das tardes outonais que passam,

passam nuvens tristes, saudades que esvoaçam...

levam quantos sonhos passados que podem ser teus,,

de almas que sonhos tiveram e que também podem ser meus,

mas o destino seguido, esse proveito sonhado, não tiveram...

e assim foram, voaram para aquelas nuvens da fantasia e lá ficaram.

Elas passam, e a saudade fica com a lágrima que delas cai,

deixada num rosto deste outono lacrimoso, que se sobressai

neste tempo de lembranças, tempo saudoso que corre e vai.

 

Nas tardes silenciosas de quando nelas caminho,

a brisa deste mar e o aroma ondulado dos loiros campos de pão,

me abraçam, me abrem os caminhos de encantos, que serão:

o sentir do marejar acariciador nas brancas areias da praia.

e a música desta terra de louvor e de campos de flor,

num aconchego amigo, fraternal, que no coração flui.

São aromas que se sentem, melodias para gente que abraça

esta terra, que nela vive, e que por aqui passa.

 

A natureza me criou, nela cresci, dela sou.

Haverá sempre o semeador para a semente do fruto, da flor,

da árvore, o progenitor da vida em que parte for,

( eles são os criadores da esperança, da sobrevivência da essência).

Haverá sempre o construtor do progresso, da vivência,

da harmonia da arte e da sobrevivência em cada dia,

( eles são os artificies da cultura, da inovação, da evolução ).

Haverá sempre o missionário da paz, do amor, da alegria;

o apaziguador da tristeza, das guerras e da pobreza que o homem cria,

( os seres de alma sublime que a natureza criou ).

Neste Mundo, haverá sempre uma missão para alguém,

porque dele fazemos parte, destino que a gente aqui tem.

 

Abro os olhos, e vejo a luz que me ilumina, que me cria

este dia que me faz viver, que me faz Te crer...

razão da existência de eu o ser aqui para um dia para Ti perecer.

Abro os olhos e deixo de sonhar, porque quero amar, vendo-Te.

Na serena noite, olho o céu, num especial encanto meu,

Te procuro nas estrelas, naquelas que parecem mais belas:

o teu rosto, o teu olhar, as tuas mãos singelas...

Aí não.

Encontro-Te ao meu lado, no amor espalhado

em cada ser, em cada coração,

em cada fraternidade e amor partilhado.

 

Os meus versos, comigo, viveram uma vida,

com a chama que fui alimentando nesta vivência

das marés, dos ventos, dos tempos tidos...

foram esteios que ficaram gravados,

foram dias do pensar, na minha existência.

Quando não mais poder alimentar essa chama,

a cinza do clamor das letras sentidas, voará para que destino for...

mas que caia em chão fecundo, na memória da saudade,

e fortifiquem a seiva das flores da alegria, da paz, da amizade,

e do amor.

No silêncio que então ficará, no vazio do abraço despedido,

flutuará a lembrança de uma alma de sonhos tidos,

das partilhas fraternais e vivências amigas, acontecidas.

 

Valdemar Muge

Sunday, January 08, 2023

SONHOS


 

 SONHOS

 Quando os encontros acontecem,

e nasce a amizade, o afeto,

a alegria nos corações ansiosos:

é a felicidade da vida que amanhece.

 

Quando na vivência do dia-a-dia,

se vê o trabalho, a paz, a harmonia,

será com certeza a beleza

 dum mundo harmonioso que se queria.

 

.. mas os sonhos são efémeros, falecem,

e a realidade é atroz porque ainda permanece:

As guerras que não acabam e a paz não vem;

o vento da corrupção que corre

e destrói o sonho de alguém;

como água que vai e como a poluem,

e deixa de ser pura,

ou dia de pobreza que alonga para noite de alma escura.

 

Mas assim a paz não flui para todos,

e as realidades não passam de serem sonhos

num mundo desencantado e por muitos manchado.

Haverá sempre alguém que não quer ser feliz,

para viver na infelicidade que a felicidade não quis.


Vald'ovar

A VIAGEM


 

A VIAGEM

 Enquanto não ver o afeto

e a paz permanecer em cada pessoa,

não estarei pronto para a partida da despedida...

seria deixar missão incompleta e imperfeita, á toa,

para que fomos destinados nesta passagem eleita.

 

Continuarei assim, a peregrinar neste tempo,

ao encontro das Auroras da reconciliação,

dum mundo de paz e harmonia,

na possível vivência tida no dia-a-dia.

 

É urgente encontrar em todas as pessoas:

o amor, a paz, a fraternidade,

porque o tempo desta vivência não é longo

e a partida da viagem destinada aproxima-se.

Este tempo termina logo, é efémero o que nos foi dado,

e amanhã será um outro e novo tempo desejado.

 

Mas como será possível concretizar este desejo?

Será talvez mais um sonho de muitos já passados.

Cada qual faz o que mais sente conforme seu ensejo...

muitos, não pensam, não amam,

e o quererem  têm perdido...

não sabem, não querem saber que há sonhos guardados

que querem a paz e a fraternidade da vida,

esses dons sublimados.

 

    Vald'ovar 

O MEU POEMA


 

O MEU POEMA

 

O meu poema é tão pequenino,

como as asas duma borboleta ou o pequeno passarinho.

Por isso, ele voa, voa em cada flor, em cada esperança;

ele corre, salta, procura, partilha, ecoa

á procura da fraternidade, da amizade tua.

Voz que canta o sentir que a alma extasia

e o espírito lhe eleva a beleza da vida de cada dia.

E assim, vai correndo... vivendo para vós, querendo...

para os olhos de quem o quer sentir e vendo.

 

O meu poema é tão pequeno,

como criança que brinca e ri,

que beija e canta, amor que vos sorri.

É como criança que sonha com as estrelas,

que quer pintar o brilho da lua e tê-la,

e ir com o pássaro voar...

voar no espaço da alegria e do amar.

Tem o sentir da criança que quer o afago de mãe,

aquela que anseia ter esse carinho que ainda não o tem.

 

O meu poema grita, pede socorro,

ecoa pelos montes, pelos mares... e em cada rua, ouve-se

o canto da sua melodia que prolifera nas auroras do tempo...

tem voz de lamento, sentidos de tristeza...

pede justiça, pede fraternidade,

e anseia encontros de amizade.

Nasce do silêncio, da seiva do nascer á vida,

sangue que corre na raiz da humanidade:

sentidos que brotam de fluido pensamento.

 

O meu poema, nasce de um beijo desejado,

de um abraço de paz partilhado,

de um sorriso de ternura, oferecido,

dum elo fraternal para que sempre dure.

 

Ele nasce, suave e meigo da fonte da água viva,

  cantando a melodia da vida na terra e no mar.

  É canto que não estanca, gota de sangue que brota,

  e grita o sentir que nasce no ventre da dor,

  do desespero, para nascer a paz em que raça for.

 

Sonha ser arco-íris que brilha para mim e para ti,

quer ser de todos e para todos que brilha sem fim.

Ele brilha nos horizontes, não quer ter barreiras,

quer ser livre, não quer ter fronteiras.

Guarda o sentir do quanto ele viveu.

nas palavras sinceras que a alma deu,

palavras de amor, de carinho, de esperança.

 Escuta-o, verás então esse brilho refletindo

nos teus olhos e pousar-te no coração, sentindo.

 

O meu poema era pequenino,

mas teve voz que inundou sons de alegria,

de tristeza, de saudade;

teve o sentir que a natureza lhe deu,

e o canto á vida dessa sublime grandeza.

Assim foi distribuindo essa alegria,

essa tristeza de cada dia:

um pouco da essência da vida.

 

O meu pequeno poema,

que voa como aquele pássaro que passa,

ou criança que corre e nos enlaça...

esse cântico de amor, de alegria, e de melancolia,

vai sonhando, correndo ao teu encontro,

para dar o eterno abraço de paz que tanta falta faz.

 

                                     Vald'ovar