Sunday, January 29, 2023

ADÁGIO POÉTICO

 

ADÁGIO  POÉTICO                  

 

No céu, das tardes outonais que passam,

passam nuvens tristes, saudades que esvoaçam...

levam quantos sonhos passados que podem ser teus,,

de almas que sonhos tiveram e que também podem ser meus,

mas o destino seguido, esse proveito sonhado, não tiveram...

e assim foram, voaram para aquelas nuvens da fantasia e lá ficaram.

Elas passam, e a saudade fica com a lágrima que delas cai,

deixada num rosto deste outono lacrimoso, que se sobressai

neste tempo de lembranças, tempo saudoso que corre e vai.

 

Nas tardes silenciosas de quando nelas caminho,

a brisa deste mar e o aroma ondulado dos loiros campos de pão,

me abraçam, me abrem os caminhos de encantos, que serão:

o sentir do marejar acariciador nas brancas areias da praia.

e a música desta terra de louvor e de campos de flor,

num aconchego amigo, fraternal, que no coração flui.

São aromas que se sentem, melodias para gente que abraça

esta terra, que nela vive, e que por aqui passa.

 

A natureza me criou, nela cresci, dela sou.

Haverá sempre o semeador para a semente do fruto, da flor,

da árvore, o progenitor da vida em que parte for,

( eles são os criadores da esperança, da sobrevivência da essência).

Haverá sempre o construtor do progresso, da vivência,

da harmonia da arte e da sobrevivência em cada dia,

( eles são os artificies da cultura, da inovação, da evolução ).

Haverá sempre o missionário da paz, do amor, da alegria;

o apaziguador da tristeza, das guerras e da pobreza que o homem cria,

( os seres de alma sublime que a natureza criou ).

Neste Mundo, haverá sempre uma missão para alguém,

porque dele fazemos parte, destino que a gente aqui tem.

 

Abro os olhos, e vejo a luz que me ilumina, que me cria

este dia que me faz viver, que me faz Te crer...

razão da existência de eu o ser aqui para um dia para Ti perecer.

Abro os olhos e deixo de sonhar, porque quero amar, vendo-Te.

Na serena noite, olho o céu, num especial encanto meu,

Te procuro nas estrelas, naquelas que parecem mais belas:

o teu rosto, o teu olhar, as tuas mãos singelas...

Aí não.

Encontro-Te ao meu lado, no amor espalhado

em cada ser, em cada coração,

em cada fraternidade e amor partilhado.

 

Os meus versos, comigo, viveram uma vida,

com a chama que fui alimentando nesta vivência

das marés, dos ventos, dos tempos tidos...

foram esteios que ficaram gravados,

foram dias do pensar, na minha existência.

Quando não mais poder alimentar essa chama,

a cinza do clamor das letras sentidas, voará para que destino for...

mas que caia em chão fecundo, na memória da saudade,

e fortifiquem a seiva das flores da alegria, da paz, da amizade,

e do amor.

No silêncio que então ficará, no vazio do abraço despedido,

flutuará a lembrança de uma alma de sonhos tidos,

das partilhas fraternais e vivências amigas, acontecidas.

 

Valdemar Muge

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