AINDA QUERO
Ainda quero respirar a aragem deste mar
que me suavisa e que vem debruçar-se a meus pés;
este pôr de sol que adormece no ondolado da água
e se espraia na branca areia, afagando,
porque virá o dia que tudo isto será ausência,
será saudade.
Quero ter as manhãs de esperança que me despertam
das ilusões e sonhos que não foram vencidos;
possuir a alegre e feliz vivência de cada dia,
esse alegre cantar, essa alegre melodia;
ter o odor da terra, do pão e dos frutos dela nascidos,
que a raiz faz nascer a seiva da essência,
e ouvir o cantar do nascer da água da fonte da vida,
esse êxodo silêncio que desliza ao mar e nos alimenta,
porque virá o dia que minhas mãos ficarão vazias,
e meu olhar sem que tudo isto possa ver.
Quero sempre crer que permaneça a felicidade
nos corações ao ver os sorrisos nas vossas faces
vindos do sentir do coração, que trazem quantas
emoções de alegria e silêncios de saudade;
ouvir as palavras de amizade e ternura,
que a alma brota em rios de felicidade,
e das mãos, o afago querido e sincero partilhado,
que o amor sem barreiras consegue vencer,
porque este tempo nos foge
e seremos levados por outro
sem querer e não sabemos quando ser.
Aqui, tudo isto ficará com a saudade,
porque para além irá apenas o bem que soubemos dar
para o novo tempo,
para o novo caminhar ao encontro de Alguém
que nos espera e nos quer além.
Valdemar Muge
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