Saturday, December 10, 2016

ALELUIA


Na aurora deste novo dia,
nasceu uma criança:
o filho do amor, da reconciliação, da paz.
Alegremos!
Uma estrela pousará numa nova vida,
uma luz brilhará numa nova alma!
Aleluia!

Será uma vida que quererá amar,
quererá a felicidade viver, cantar;
uma vida que quererá as asas do pássaro da paz,
para percorrer a liberdade desejada.
Quererá ter os búzios para ouvir a voz dos mares
que amaciam as areias e onde pousa o sol,
dormindo embalado;
quererá desfrutar a voz do silêncio da natureza,
e sentir o aroma das rosas e o cantar do trigo, semeado.
Uma vida que quererá a rota da ventura:
que poderá ser de felicidade, áspera e dura.
Uma vida que quererá ver a água nascida, renovada,
que purificará os corpos, fonte da vida dada;
quererá louvar o fruto nascido, esperado,
em sinal de hino há vida, cantando e louvado.
Aleluia, aleluia!

 No turbilhão do tempo que passa,
ele se reparte e quanto não nos enlaça; 
é rio que corre e não mais volta;
é sonhos que nele vão, que se perdem, e já não são.
Nas águas do tempo que corre,
foram espelho das imagens idealizadas,
quantas que foram, eram,
mas vida não deram...
agora, saudades sentidas ficaram.
Fica a melancolia com a nuvem que pousou, desceu,
fica a tristeza dum sonho que não nasceu...
mas outros virão,
outros nascerão ao sol que há-de brilhar,
e serão construídos com amor, em castelos de paz...
Porque ele luta pelos seus sonhos, e sempre lutará,
porque não quer ser o filho das chagas
e da dor dos incompreendidos;
não quer ser o caixão das lágrimas,
das derrotas e das prisões;
não quer ser o encontro das misérias
e o espectador das falsidades!
As nascentes brotarão a água da paz e da concórdia,
e as rosas cobrirão as almas de felicidade.
Acredita e vai, que os sonhos se realizarão!
Vai com a luz da vida, da esperança, da fé!
Aleluia, aleluia, aleluia!

 Valdemar Muge

Saturday, November 26, 2016

AS PALAVRAS


Quantas palavras escrevi que delas nasceram
flores queridas de amizade de carinho;
quantas nasceram do meio das áridas escarpas
e floriram açucena de reconciliação e gratidão.
Quantas palavras nasceram nas revoltas ondas
e o mar se transformou em suaves águas marejadas.
Quantas palavras cantei: de amor, de paz, de fraternidade,
para nascerem frutos de alegre felicidade.

Quantas palavras foram escritas
que denunciavam o ódio e a maldade,
a ingratidão e a injustiça:
elas soaram no tempo,
atravessaram a tempestade,
e quiseram trazer a bonança, a felicidade;
das nuvens do silêncio, vieram,
choveram quantas de dor e sofrimento,
ao encontro do bálsamo da suavidade e conforto.

No tempo solar, quantas palavras viveram,
do coração foram escritas com ternura,
com afeto, com carinho:
assim foram espalhadas,
foram partilhadas para todos aqueles
que de boa vontade as quiseram receber.
Mas quantas ainda andam na rua, vagueando,
transformadas em pétalas de poesia,
(acreditem que são queridas,)
à espera que as apanhem e as guardem carinhosamente...
Reparai, que elas vão ao vosso encontro,
querem o vosso conforto,
vos querem abraçar em fraternal amizade.

Quantas palavras nasceram,
e quiseram ser o que sonharam:
algumas, dos sonhos viveram, outras, mortas ficaram.
Quantas quiseram ser,
o que os sonhos idealizaram para viver,
mas só o foram o que poderiam ter,
porque mais além, não puderam ser.

Não sei se vos agradei, tudo aquilo que vos dei,
mas só assim é que soubestes o que sou e sempre serei.
E assim, sozinho, com as minhas palavras,
só para mim não as fiquei:
delas partilhei,
vos cantei e sempre elas convosco estarão
em eterno e querido abraço, ficarão.

Valdemar Muge 

Saturday, November 12, 2016

IREI, PARA ONDE, NÃO SEI...

                                        

Neste meu viver que dia-a-dia convosco passei,
bons momentos foram que tanto amei:
nasceram minhas amizades, meus afetos...
agora, vou à procura noutros lugares,
longe ou perto,
de outros tantos sentidos,
que meu coração tanto anseia,
e que sempre serão tão queridos!

Por essa razão,
e sempre com o desejo dessa paixão,
me vou ausentar.
Viajarei para onde o destino me levar,
irei abraçar outros seres, irei ter outras amizades,
outros rostos, outras emoções;
irei ver outra natureza, abraçar outro calor fraternal.
Irei talvez encontrar outras primaveras
onde as açucenas desabrocham dos corações,
e o rouxinol canta a alegria da felicidade;
ou, encontrarei outonos que adormecem embalados
com os seres que sonham com o amor,
entre todos partilhado.

Ainda não sei para onde e como irei:
ainda não sei se irei no vento que por mim passa
ou na aragem que sempre me enlaça;
não sei se vou na luz da aurora que cada dia me afaga
ou na estrela que cada noite me ilumina;
se irei nas asas do pássaro do amor
ou na nuvem da saudade desta partida, quando fôr!
Serei vento ou brisa, ou estrela de luz que brilha;
serei aquilo que sou, embalado naquilo para onde vou...
mas será que sei o que sou?
- quando eu novamente voltar,
Então, dir-vos-ei quem realmente serei:
de onde vim, o que senti e o que dento de mim terei,
quem realmente sou!

Meus amigos,
de vós muitas saudades vou ter
nesta viagem que vou fazer:
levo o vosso carinho,
a vossa amizade no meu coração;
levo os vossos sorrisos,
os vossos abraços nos meus sentidos;
levo a tela da natureza que à minha volta nasceu;
levo toda a poesia que em nós viveu!
O encanto que aqui encontrei,
essa beleza querida que junto de vós alcancei,
para onde vou, a espalharei,
e outra tanta deverei encontrar e amar,
onde também a hei-de cantar...
e, então, quando novamente eu para junto vós regressar,
a todos vós também a espalharei,

para quem sempre a quiser, a darei!

Valdemar Muge

Saturday, November 05, 2016

NAS PRIMAVERAS DO AMOR


Mas que triste aragem esta,
tão gélida e sombria,
que parece noite este triste dia:
esta angústia que passa
como enlaça os corações:
é dor que se exala,
do que se vê e do que se sente.

Já não corre o suave frescor da natureza
envolvido no aroma das rosas,
e embalado na melodia das aves,
que então aqui e ali se sentia.
O tédio é imenso e a dor profunda, que agora passa:
morreu o amor,
 morreu naquele corpo no chão postado!
Ali, caíram, tombaram as rosas da alegria, da felicidade.
Sobre aquele rosto sereno de eterno sono,
deslizam lágrimas deixadas de saudade...
pois ali,  aí já não mora a então felicidade,
já o amor ali não mais proliferá.

No dolente silêncio da rua,
tangem os sinos,
na despedida àquele amor que jamais não volta…
mas a saudade dele ficou e sempre aqui morará.
Naquele sentir que passa,
nos passos fúnebres que as almas levam,
caiem dos rostos, as lágrimas,
nas pétalas brancas de saudade àquele ser que vai,
àquele, por quem a dor dos corações sai.
Aquele sentir que na rua segue,
ele se ergue ao céu, não se sepultará,
porque são esparjos vindos dos corações...
desses, é  amor que jamais não morrerá.

As estrelas deixaram de brilhar;
os dias escureceram nos corações sem aquele amor.
A natureza chora,
e as lágrimas correm,
correm no rio da angústia até ao mar ,
com as dores que ele consumirá.

Mas não! Não chorem mais!
Cessem as agonias!
O amor não mais morrerá!
Que brilhem as estrelas,
e o sol faça luz no firmamento
e resplandeça novamente o amor!
Ele jamais morrerá,
jamais a vida pode existir sem amor
e os corações pulsarem sem ele.
Surgirá sim, Além, o fruto da vida,
a vida que se renova,
a vida que corre ao encontro do futuro,
a da esperança, a do amor.
As lágrimas então derramadas,
sejam seiva nas futuras primaveras,
onde renovenescerá o amor e a felicidade.

 Valdemar Muge

Saturday, October 22, 2016

A FOME


Nas esquinas do silêncio,
ouve-se as angústias da sobrevivência,
do abandono, da fome,
da humana decadência.
O triste ar da vergonha
paira nesses seres que o tempo lhes atraiçoou:
são as vidas que procuram trabalho;
são doentes que não encontram a saúde;
são vidas abandonadas que a sociedade lhes criou,
num desespero que o destino lhes traçou.
Quantos agora moram na envergonhada caridade;
outros, dormem nos degraus da miséria, da precaridade...

Oh, quanta desgraça humana camuflada
debaixo do manto da pobreza que por aí anda espalhada,
disfarçada, sem que ninguém a veja:
abri os olhos e os corações!...
e essas desgraças
vos surgirão dos escombros da miséria.
As migalhas que para quantos valor não tem,
para aqueles, os abandonados da generosidade,
será alimento à vida e ao amor!

Mas também quantos e tantos são,
que têm fome de amor, de afeto, de paz,
neste mundo tão conturbado,
que há quanto tempo os corações não sentem
o pulsar da alegria e da felicidade.
Como a fome anda disfarçada
nas esquinas dos envergonhados silêncios.
                                                                                 
Tenhamos a esperança que os aromas do amor,
se espalhe nos infelizes corações,
e as espigas de trigo,
renovenescidas da terra,

saciem as bocas famintas.

Valdemar muge

Saturday, October 08, 2016

OS FILHOS DO DESTINO


Povoam-se as ruas de seres
com os corações impregnados de desgraça,
vindos das lonjuras dos caminhos:
Eles são os filhos das atrocidades guerras
que tiveram que fugir da morte;
os órfãos que delas sobreviveram
do sangue derramado a seus pés,
das violências mortíferas que viveram
e que vieram aos seus encontros!
E agora para onde ides, filhos do destino?
Para onde? inocentes do destino e da desgraça!

Povoam nas ruas, os filhos da miséria, da fome, do abandono!
Eles são o resultado da incapacidade humana
da falta de humanização, de generosidade, de misericórdia!
Eles que queriam ter as rosas da felicidade
e as enxadas do trabalho,
e só têm os sacos da pobreza e as lágrimas da tristeza.
Ó tempo este, tão doloroso para estes seres,
onde todos deviam ter a mesma igualdade
e viverem numa fraternidade!

Deambulam ao sabor do vento que nos caminhos corre:
os filhos da droga, da doença, da insensatez viciosa.
Pernoitam na poeira dos escombros da desgraça,
sem que mais desgraçados sejam,
porque dela fazem parte,
e a aragem da sensatez não os consegue modificar.
Triste destino este, o vosso!                          
                                                                                         ------»»
Ó gente que me ouvis, vos direi,
nesta torrente de tristeza e cólera,
que na minha alma se extravasa
ao ver este sofrimento que passa,
me pergunto a mim mesmo:
Mas porquê, esta calamidade infinda?:
Crianças inocentes,
jovens amotinados da desgraça
e vidas perecidas que foram perdidas,
que deveriam ser filhos da alegria,
da felicidade, do amor,
em vez de serem das desgraças acontecidas?
Sois realmente os filhos do destino,
mas que amargo e atroz esse ter
que vos envolve na vida que percorreis!

Neste meu caminhar,
ficarei ainda com a esperança
de um dia encontrar nos caminhos,
os filhos da paz, da felicidade e do amor!
Que assim seja.

 Valdemar Muge

Saturday, September 17, 2016

ONDE ESTÁ O AMOR?


Onde está o amor, onde?
Ó corações insensíveis, como andais distraídos,
vós que ainda não encontraram o amor,
esse afago da alma,
essa doçura do espírito:
basta seguir o caminho do carinho
e a vontade da partilha,
e lá o encontramos!
Vós, ó incrédulos do amor,
enquanto assim viverdes, nunca o encontrareis:
Abraçai a fraternidade
e a dedicação incondicional.
Ó carentes do amor,
que o procurais nas desertas ruas,
aí, não o encontrais:
Procurai nos rostos da alegria,
nas vozes da simpatia,
e o encontrareis nos corações da felicidade.

Onde está o amor?!
Ouve-se o grito do apelo,
vindo das vozes dos infelizes,
dos insípidos do afecto.
É preciso acreditar na sua existência,
é preciso partilhar, sonhar que ele está além;
naquele raiar que transparece dos corações
sinceros e afectivos.

Mas que mágoa esta,
que dor que me atravessa,
ao ver quantos seres despovoados de amor:
eles vivem nos silêncios da escuridão,
como lhes falta a luz da felicidade e da alegria, 
a luz da vida!

Quisera eu ser luz ou vento, não sou, lamento.
Quero ser alegria, simpatia,
ou carinho e bálsamo da dor...
para espalhar em todos os corações,
o frescor do amor:
Então seria um ser feliz,
um ser que encontrou o amor!

 Valdemar Muge

Saturday, September 03, 2016

JUNTO AO MAR



No reclinado sossego deste mar
que as ondas vão deslizando na branca areia
que  meus pés a vão percorrendo,
a água me vai segredando os sentidos
do que tem guardado, dos que a têm abraçado:

Quantas lágrimas ela traz,
no sussurro marejar que faz,
que fora de quanto aconchego de desabafos,
de dor, de angústia, de trabalho.
Com essas lágrimas que então recebeu,
estas águas quanto mais salgadas ficaram
com a dor dos corações que se exalou.

Naquelas areias,
vislumbro os sulcos dos pés dos homens do mar,
das labutas contidas
e das recompensas merecidas;
das varinas daquela praia,
com o seu trabalho,
com a sua graça, com a sua alegria!:
É a gente daquela praia,
os homens e as mulheres do mar,
os pescadores e as varinas
que na alma têm a vastidão
da grandeza do seu mar,
que embarcam nas marés da dor e da alegria,
da amargura e da felicidade,
como se esse mar fosse só seu!

É neste sentir junto ao mar,
que meu peito se abre
e recebe esses segredos seus,
que em mim ficam como sendo teus e meus.
Tu mar,
que a meus pés vens desaguar,
me vens segredar as tuas saudades
neste teu porto amigo,
te recebo tuas mágoas,
tuas glórias, que nas tuas águas encerras.

Ficarei aqui, até quando não sei!
Abraçando-te,
repousado nesta areia…
será este mar, morada minha,
companheiro de alma salgada
que eu ainda não tinha.

 Valdemar Muge

A CRIANÇA E O MAR



Tão grande que és ó mar,
e cabes nas mãos de uma criança;
Tão bravo és,
e afagas a doçura de um petiz;
Salgado o és,
mas como doce e afável te tornas,
quando deslizas aos pés daquela criança.
Num coração tão pequeno, ó águas do mar, o afagas,
é possível partilhar tamanha grandeza do universo,
porque os sonhos,
são os criadores da vastidão do amor!

 Valdemar Muge

Saturday, August 20, 2016

A OFERTA


Quando caminhas na rua
e pétalas de rosa que sobre ti esvoaçam,
guarda-as...
são pétalas de poesia que para ti escrevi,
que te estão a afagar...
são sentidos escritos que se estão a soltar
e para vós se poisam afagosamente!

Quando o silêncio em ti se envolve,
e ouvires o pássaro do amor a cantar,
de mim ele voou, para ti te mandei...
em ti se abeirou para te cantar
as melodias que sempre cantei e amei,
desta natureza que nos abraça, neste nosso sentir!

Neste meu silêncio,
te vou oferecendo essas quantas palavras,
deixando-as no teu caminho
dos frescos orvalhos da manhã;
nas espumas de maresia ao cair da tarde...
Essas quantas que nasceram dos sorrisos
das crianças que nos meus versos viveram;
dos rostos de felicidade que foram partilhados
nos actos e nos sentidos
 que transbordaram dos corações;
da luz do amor que se soltou das sílabas
que te envolve em suave carícia nesta tua vida!
Tudo isto veio
da poesia que para ti escrevi
e que ainda não a tinhas guardado.
                                                                         
Em cada caminhar que fazes,
recebe estas emoções que te envio,
estes sentidos que te ofereço carinhosamente!
E neste despetelar de poesia que se vai esvoaçando,
que são fragmentos de meu ser,
neste tão sincero querer...
meu sentir vos vai oferecendo,
que para todos vão ficando!

 Valdemar Muge