Saturday, October 22, 2016

A FOME


Nas esquinas do silêncio,
ouve-se as angústias da sobrevivência,
do abandono, da fome,
da humana decadência.
O triste ar da vergonha
paira nesses seres que o tempo lhes atraiçoou:
são as vidas que procuram trabalho;
são doentes que não encontram a saúde;
são vidas abandonadas que a sociedade lhes criou,
num desespero que o destino lhes traçou.
Quantos agora moram na envergonhada caridade;
outros, dormem nos degraus da miséria, da precaridade...

Oh, quanta desgraça humana camuflada
debaixo do manto da pobreza que por aí anda espalhada,
disfarçada, sem que ninguém a veja:
abri os olhos e os corações!...
e essas desgraças
vos surgirão dos escombros da miséria.
As migalhas que para quantos valor não tem,
para aqueles, os abandonados da generosidade,
será alimento à vida e ao amor!

Mas também quantos e tantos são,
que têm fome de amor, de afeto, de paz,
neste mundo tão conturbado,
que há quanto tempo os corações não sentem
o pulsar da alegria e da felicidade.
Como a fome anda disfarçada
nas esquinas dos envergonhados silêncios.
                                                                                 
Tenhamos a esperança que os aromas do amor,
se espalhe nos infelizes corações,
e as espigas de trigo,
renovenescidas da terra,

saciem as bocas famintas.

Valdemar muge

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