Nas esquinas do silêncio,
ouve-se as angústias da
sobrevivência,
do abandono, da fome,
da humana decadência.
O triste ar da vergonha
paira nesses seres que o tempo lhes
atraiçoou:
são as vidas que procuram trabalho;
são doentes que não encontram a
saúde;
são vidas abandonadas que a sociedade
lhes criou,
num desespero que o destino lhes
traçou.
Quantos agora moram na envergonhada
caridade;
outros, dormem nos degraus da
miséria, da precaridade...
Oh, quanta desgraça humana camuflada
debaixo do manto da pobreza que
por aí anda espalhada,
disfarçada, sem que ninguém a veja:
abri os olhos e os corações!...
e essas desgraças
vos surgirão dos escombros da
miséria.
As migalhas que para quantos valor
não tem,
para aqueles, os abandonados da
generosidade,
será alimento à vida e ao amor!
Mas também quantos e tantos são,
que têm fome de amor, de afeto, de
paz,
neste mundo tão conturbado,
que há quanto tempo os corações não
sentem
o pulsar da alegria e da felicidade.
Como a fome anda disfarçada
nas esquinas dos envergonhados
silêncios.
Tenhamos a esperança que os aromas do
amor,
se espalhe nos infelizes corações,
e as espigas de trigo,
renovenescidas da terra,
saciem as bocas famintas.
Valdemar muge
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