Saturday, August 05, 2006

SOU


Quem sou?
- Sou o que consegui ser,
e mais serei, o que é exequível querer!
Vivo na existência da honra
que ama, sente e tem coração!
De junto do mar, sou!
Aqui, minha vida nasceu
com a maresia a embalar
e a essência nela envolta, cresceu!
Sempre que o mar me vê, me afaga
com a carícia das suas ondas.
No fascínio da Ria,
tanto sonhei, tanto,
quanto encanto
ao a contemplar, sentia...
Sou da terra dos homens do mar,
gente humilde, que faz ecoar seu pregão!
Do mar, lhes veio a vida,
ao mar a doou,
e nele, vivem a labutar!
Sou da terra dos que trabalham o arado e charrua,
povo crédulo, mas também orgulhoso na rua;
sou de onde se quer trabalhar,
povo este assim é, donde nasci,
terra mãe, onde cresci.
Sou de onde se sofre e se sabe amar,
daqui sou, desta orgulhosa terra: OVAR!

Quem sou?
- Um simples ovarino,
que a voz hoje ecoou!
Daqui sou, e aqui estou!
Como o humilde oleiro,
na sua singeleza de obreiro,
estas letras escrevi:
a vós, do coração as dou,
dizendo quem sou!
Serei um sonhador?
- Direi que sim! Desejando o amor
envolto na beleza que admiro,
na sedução do formoso, extasiado fico!
Direi que também serei um apaixonado...
da natureza desta terra
aprazível  no que nela encerra.
Terra bela esta,
(valor que a natureza doou)!
No seu deleite, me sinto amado:
razão porque sinto a seiva da sua doçura,
a frescura do seu encanto, - doce e pura -
e o repassar amargo do suor... (que nela existe);
Mas como fico triste,
ao ver a desagradável inquietude
e a obstinada incúria que também nela existe...
vida duma terra querida, que com ela latejo!

Quem sou?
- Hoje, num ser triste estou:
quão é triste o meu espírito,
quando a felicidade à volta não existe;
Quando a miséria se espalha, matando
tantos indefesos inocentes, os destroçando;
Ao ver outros devastando, gozando
riquezas obscuras, sem proveito, jorrando!...
Ao ver órfãs crianças abandonadas,
efeitos de guerras, vidas dilaceradas...
lutas que se geram por ambição, gente malvada!
Ao ver tanta droga espalhada,
vidas destruídas, vício, vidas à vida tirada.
Sem que seja contestador,
apenas procuro dizer o que maior valor tem,
mas, mais além, não vou!
Procuro ser o mais justo possível,
na esperança de outros também o possam ser...
assim, é que deveria ser, seria admissível!
Assim sou! Assim, aqui estou!
Agora que sabeis quem sou,
um ser que a natureza ama,
amor que dentro de mim vive como chama.
Vivo no quotidiano duma terra,
vida que aqui nasceu,
sou seiva que aqui encerra
e aqui permaneceu!
Sou de todos, que me ouvis,
daqueles que comigo diz:
" Amemos a paz, o amor, a felicidade!"
- Seria bom, que assim sempre fosse a verdade!

Valdemar Muge

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