Saturday, September 09, 2017

NO SILÊNCIO


Quando me encontro no silêncio,
ele me abraça, me escuta, me compreende.
Pelo cântico do desabrochar da vida da natureza,
encontro-o e ele me abraça, suavizando;
nas nuas e frias ruas sem vidas, abandonadas;
nos tristes corações dilacerados, despedaçados...
vivo essa comunhão com a silenciosa paz.

Falamos em ternos e queridos sentidos:
com o silêncio das tuas lágrimas;
com a doçura do teu amor;
na aragem das nossas vidas!
Falo com os teus sonhos, teus anseios, teu viver,
porque no nosso silencioso sentir,
são bálsamos guardados que jamais se esquecem.

Sei que tenho a noite e o dia,
o murmúrio das fontes e o marejar do mar;
tenho os vossos sorrisos e o encanto dos afetos
que quanto valor eles têm…
mas sem este silêncio que me enlaça,
que me faz desabrochar a paz,
não poderia viver: é razão do meu querer!

Oh, quantos são os seres que não querem este silêncio:
o que nasceu da harmonia e da bonança;
preferem a inconstância, a desordem, a inquietação:
                          ficam disfarçados num silêncio obscuro
                          para depois desfraldar a bandeira da criminalidade!
                                                                                                                            
                          Quando o silêncio me abraça,
ele me leva aos horizontes da compreensão,
ao encontro do Amor:
porque dele me gerei e dele nasci!...
Ele é infindável, não tem princípio e fim: é obra de Deus.
Me leva às madrugadas do renascer da vida,
na claridade da Obra Divina!
Nesta Génesis silenciosa da vida,
onde encontro o sentido de viver,
escuto a voz do silêncio, meditando:
não vejo quem fala, esse amado sentir;
sigo o seu som nessa infinda natureza;
só vejo luz á minha volta como excelso resplendor;
mas sei que vem de longe,
que vem de longe...

Valdemar Muge 

No comments: