Saturday, December 05, 2015

PROCURAS





Procuras a razão do que ainda realizados não são, 
os desejos teus de que há já quanto tempo foi,
muito tempo que por ti já passou,
o tempo que o tempo te levou,
tempo de sonhos e de idealizações
que um dia viverias num mundo de seres irmanados
lado-a-lado através do amor fraternal.
Disso, ainda esperas o que não viste.
Procuras a razão do que ainda não encontraste,
porquê todos não se darem como irmãos?
guardados ou esquecidos estarão
mesmo onde os desabafaste?:
Foste ó fontes e rios da minha terra,
(encantos estes da natureza que nela encerra,)
testemunhos desses desabafos sonhados:
desejos de os corações seres amados.
Vós já não os recordais! Tendes razão.
Vossas águas não os quiseram guardar,
porque vossos segredos levais para o mar.
E vós ó mar, os guardas-te, esses desejos tão queridos?
Se sempre recebeis quem vos procura
em terno abraço nesse teu marejar.
Oh, como isso seria possível partilhar
se agora os tivésseis pra mos dar!
Pois também o que procuro não guardais,
porque vosso destino, ó águas, é seguir e não parais.

Não encontrais razão de ainda não existir esse crer,
procurai-o então, meu irmão,
nos corações dos seres desta terra,
naqueles que têm o afago e o encanto
do nascer das águas das fontes,
e, nos olhos, a cor das águas do mar,
se guardam esses desejos teus e meus,
para ainda florir na primavera que há-de surgir,
para então afagar nossa dor:
a fraternidade entre os povos,
irmanados na paz e no amor.

 Valdemar Muge

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