Menina que à janela estás
com o passarinho no seu jardim, cantando.
A saudosa menina do seu tempo passado,
agora tem o como companhia para suas recordações:
Olha o jardim com olhos de nostalgia
e coração de quem não vê o que queria.
Esse, o seu triste destino à janela tido.
Ó mocidade presenteira que da Praça vinha
e da Graça não menos deixavam de vir,
por eles, os encantos da donzela como eram elogiados,
dignos de cativar corações e até ser amados.
A aragem marítima do Furadouro,
trazia-lhe quantas afabilidades que ao seu coração
envolvia e o encanto da Ria, da Ribeira,
pairava os olhares iluminados,
mas esses brilhos no seu coração não pousava.
Com o aroma das rosas dos Campos
ou das tílias da Arruela,
não menos digno elogiar lhe era dado,
mas seu coração, esse, sempre fechado.
Que destino este para a menina da janela ter
e agora só triste, com o passarinho no jardim ficar.
O certo é que seu coração um outro amava, mas esse,
modesto que era, melhor vida queria
e para outras terras imigrou e a donzela sem ele
ficou.
À janela ficou à espera que um dia o seu amado chegue
de quem ainda não chegou.
O passarinho à saudade lhe vai cantando,
àquele triste coração quantas vezes chorando.
São razões co coração
que dita o que sente,
por mais que diga que pode não ter razão,
mas ele sempre diz que não mente.
Valdemar Muge
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