Percorres disfarçado nas ruas
sem que te conheçam, mentindo.
Ris dos que por ti passam,
iludidos te abraçam, agradecidos,
satisfeitos das tuas palavras ditas
e de teus floreados escritos
lançados para as gentes que te ouvem.
Levas flores com sorrisos e gestos subtis,
mas dentro dessas pétalas, povoa a insensatez,
malévola crença de desejos pessoais…
como elas esvoaçam no espaço, colorindo-o,
disfarçando as negras nuvens da inépcia.
E assim, disfarçado, continuas a rir.
Porque ris?
Não vez a miséria dos que por ti passam?
Não vez os infelizes sem trabalho,
sem terem alimento para darem aos filhos?
Tu, que podias alguma coisa melhor fazer,
ao ver os seres na dor transcendente
da cruel amargura da sua dura luta.
Ó incautos irresponsáveis,
como fazem correr rios de lágrimas
e dores dos corações dilacerados!
Porque ris, porquê?
Não vês as guerras povoadas pelo poder
daqueles que não querem
o abraço da compreensão e da concórdia,
não ansiando o desejo da união?!
Ris disfarçado,
clamas a concórdia e a justiça,
mas ateaste o rastilho das discórdias.
Ris porque hoje estás no poder
do domínio que ansiavas;
prometeste justiça e mais igualdade,
e na rua, como vejo, tanta desigualdade
e desespero angustiado.
Que desejo enorme paira nos povos,
que a nova aurora resplandeça em nós:
riso esse que um dia
desapareça dos duros corações
e seja substituído pela
sincera compreensão nos seres,
em fraternal concórdia e
justiça.
Acorda
à realidade!
Arranca
o teu disfarce
e percorre
com todos numa leal confiança,
numa
caminhada de maior justiça e progresso.
Iremos
sim, ao encontro de novos dias
dum futuro promissor e de concórdia.
Vem! Chegou o dia, vem.
Valdemar Muge
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