Sunday, March 27, 2022

GUARDO OS SILÊNCIOS


 GUARDO OS SILÊNCIOS

 

Guardo em mim, tudo o que vi e senti:

Guardo os silêncios azuis da ternura:

os ternos olhares, as afáveis carícias tidas,

os encantos da pureza das crianças.


Guardo os silêncios luminosos da felicidade,

o cântico da alegria da vida, essa realidade,

o amor partilhado de momentos queridos amados, 

esse nascer da nova vida no renascer das auroras queridas.


Guardo o alegre cântico da natureza,

o frescor da marejar da força do mar,

o brilho de cada dia que me vem ao encontro abraçar.


Guardo dentro de mim, num cantinho sem fim,

deste mundo que também onde vivi:

tanta tristeza, tanta angustia de corações desamparados,

de olhares suplicantes na ânsia do amor,

de peitos sem sonhos e flores sem vida.

De gritos de guerra, de corpos sem vida vencidos da lida,

de sangue derramado das armas malditas, tidas!

 

Como só queria guardar as rosas de cada dia, a florir,

o alegre canto do rouxinol a acordar em cada amanhecer,

a felicidade das gentes em cada viver, em cada renascer!

Mas isso, não me é possível.

Os sonhos idealizados, 

são vencidos pela insensatez humana:

essa, é uma triste diferença na realidade da vida!

O que guardo é para ti, amor..

tudo o que possuo, é para te dar o que de belo senti...

nessa partilha, a beleza fluirá nos corações que se amam.

A tristeza, essa, nos silêncios de meu coração, ficará...

Dar-te isso, não!

Já basta minha angústia, não te quero ver a padecer.


No meu rosto, ficarão os sulcos salgados das lágrimas,

desse sofrer do amargor de quanto na minha vida senti e vi;

no teu, ficarão os frescos afagos da felicidade vivida,

sentir da beleza da poesia que sempre te escrevi, 

e da esperança no coração, de que a paz será realidade.


 Valdemar Muge

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