GUARDO OS SILÊNCIOS
Guardo em mim, tudo o que vi e senti:
Guardo os silêncios azuis da ternura:
os ternos olhares, as afáveis carícias tidas,
os encantos da pureza das crianças.
Guardo os silêncios luminosos da felicidade,
o cântico da alegria da vida, essa realidade,
o amor partilhado de momentos queridos amados,
esse nascer da nova vida no renascer das auroras queridas.
Guardo o alegre cântico da natureza,
o frescor da marejar da força do mar,
o brilho de cada dia que me vem ao encontro abraçar.
Guardo dentro de mim, num cantinho sem fim,
deste mundo que também onde vivi:
tanta tristeza, tanta angustia de corações desamparados,
de olhares suplicantes na ânsia do amor,
de peitos sem sonhos e flores sem vida.
De gritos de guerra, de corpos sem vida vencidos da lida,
de sangue derramado das armas malditas, tidas!
Como só queria guardar as rosas de cada dia, a florir,
o alegre canto do rouxinol a acordar em cada amanhecer,
a felicidade das gentes em cada viver, em cada renascer!
Mas isso, não me é possível.
Os sonhos idealizados,
são vencidos pela insensatez humana:
essa, é uma triste diferença na realidade da vida!
O que guardo é para ti, amor..
tudo o que possuo, é para te dar o que de belo senti...
nessa partilha, a beleza fluirá nos corações que se amam.
A tristeza, essa, nos silêncios de meu coração, ficará...
Dar-te isso, não!
Já basta minha angústia, não te quero ver a padecer.
No meu rosto, ficarão os sulcos salgados das lágrimas,
desse sofrer do amargor de quanto na minha vida senti e vi;
no teu, ficarão os frescos afagos da felicidade vivida,
sentir da beleza da poesia que sempre te escrevi,
e da esperança no coração, de que a paz será realidade.
Valdemar Muge