Saturday, January 23, 2016

NA RUA DA VIDA


Água que passa na rua da tua vida,
que água esta será que silenciosa levais?
Espelho este que de ti se reflete,
que me mostras,
que me dizes do sentir da tua gente?:
Será de chuva que a nuvem te deixou,
ou lágrimas de gente que a dor derramou?
Será de fonte de que nascente cantou,
ou de rio que água perdida se espalhou?

- Que não seja de lágrimas de triste criança,
sem amor, de fome, e sem esperança
de ter um mundo de amor e afeto...
Senhor, se de dor ela for, que não mais venha,
dai-nos-á para que criança só amor tenha!
Que não seja de mãe infeliz, de doloroso coração,
que a paz no seu lar não seja palavra em vão...
Mas que exista a felicidade e pão.
Água esta que corre,  de lágrimas não será...
porque se fosse de dor,
de sem afeto e amor,
ela salgada se sentia,
e de tantas lágrimas, a rua de tristeza se enchia.
Que seja de chuva,
porque assim, seu povo, tristeza não sentiu,
e a natureza, o abraço da chuva viu.
                         Que não sejam lágrimas de dor que no chão correu,
                         mas água que do céu caiu,
                         para à tua rua dar,
                         à tua vida partilhar,
                         para feliz correr até ao mar e o abraçar.

                        Em cada rua da nossa vida,
                        bendita a água que vida seu espelho reflete
                        os sentidos que nos passam e se sente:
                        a que faz renascer as flores que à vida despontam,
                        e a da esperança, da dor e da felicidade,
                        que o coração sente.                               

Valdemar Muge  

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