Saturday, October 03, 2015

IREI


Nos monótonos dias que passam,
é silente o tempo para os corações cansados
que na vida quanto ardor a eles dados,
e agora, descansam e meditam.
É o Outono que se aproxima,
e os cãs que povoam em cima,
neles são saudades que vieram e ficaram.

Nos ofuscados declinados dias chegados,
pouso no aconchego das vestes sonolentas,
tão grandes e tantas,
que até parecem noites decadentes.
Mas que vestes estas, ó destino!
Serei um pobre mendigo
nesta vida que pouso e sigo?

Não! Quero despir-me da triste sonolência,
da velha manta da saudade decrépita
que arrasta as almas à decadência
e os corpos à morte certa.
Quero deixa-las, abandona-las,
entregues no vale do esquecimento
e que fiquem na penumbra do tempo.

Irei contigo, ó sorrisos de luz,
contigo, auroras de primavera!
Correrei vosso tempo que vos encerra,
e serás braço que me conduz.
Irei contigo, tempo de poesia!...
Sentidos sublimes,
abraços queridos que se deseja e sentem,
elos que os corações eternamente querem.

Valdemar Muge                                                                                               

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