Saturday, August 01, 2015

O GRITO


O tempo por ti passou,
bem ou mal, só tu é que o sabes
homem que agora aí meditas dessa vida percorrida! 
Valeu a pena ou quanto desperdiçada? 
Ou não foi aproveitada? 

Foste um ser livre na tua vida
e dela fizeste à tua maneira de ser: 
viste a liberdade das aves e do vento,
e assim quiseste correr o mundo que te rodeava; 
viste a alegria da primavera e do renascer da natureza,
e assim também quiseste partilhar
da alegria na tua vida, amando-a; 
viste o abraço do mar com a luz do sol,
(como eles se entendem,)
pois também quiseste partilhar as pessoas,
com as tuas alegrias e afeto; 
viste a serra erguida ao céu em abraço de louvor,
assim quiseste tudo abraçaste por onde percorreste! 

Foste homem livre do teu tempo,
livre foste com a força de viver...
agora, cansado, já não tens essa liberdade
que te deu a força de ser. 
No tempo que ainda tens,
habita ainda o grito da liberdade que desejas,
daquela que sempre tiveste,
porque ainda existem as raízes dessa existência,
a força do querer, 
a força daquilo que foste e que ainda queres ser.


                          O teu grito se ouve vindo da razão do teu viver:
       "- Não, não estou arrependido do que fiz!
       Vivi a vida que amei.
       Abracei-a da maneira que mais quiz.
       Por isso digo:
       deixai viver a vida que nos rodeia
       e que a nós vem,
       o que o coração diz e sente,
       como sempre fiz. "

       Valdemar Muge

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