Saturday, March 14, 2015

NA QUIETUDE DA VIDA


Será da neve dos anos da tua vida
ou do claro luar que recebeste da tua lida,
que nos teus alvos cabelos se vê e reflecte
o branco e grisalho que de te cima pende?
Será o prateado da luz que da tua alma se espalhou,
ou da branca doçura que teu coração polvilhou?

- Será com certeza, dos idosos anos que contaste
e das palavras que toda a tua vida confiaste.
Teus cabelos, já não são tantos como tantos eram,
mas muitos ainda são,
quantos são de tanta sabedoria que a vida te deu,
uma vida que o destino te floresceu.

Já não são os do vigor quando mais os tinhas,
esses teus grisalhos cabelos que ainda te adornam,
mas são,
os que ainda moldura teu suave e meigo rosto,
e aconchegam teu doce olhar nos teus dias
que agora te passam lentos ao teu corpo.

O crepúsculo dos dias,
cai sobre os teus idosos cãs,
na sua quietude outonal que os anos não perdoa.
Já te mostra o caminho de onde se avista
a montanha invernal para lá do horizonte.

                        No tempo que hoje passa,
                        tempo dos silêncios, das recordações de uma vida
                        que lentamente esvoaça…
                        saudades são, que o tempo guardou no coração.
                        Os anos vão,
                        mas as lembranças em ti não se apagam…
                        com elas ficarás.
                        Eu, saudoso,
                        ficarei com a querida imagem de teu terno rosto,
                        bem guardada dentro de mim, amando…
                        porque contigo,
                        estaremos mais presentes, te cantando.

 Valdemar Muge

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