Saturday, March 28, 2015

QUE IMPORTA


Que importa que digam que cansada da vida estás;
que a força para os desejos vencer, já ténue será;
que o eco da tua voz já longe não se vai…
que importa tudo isso,
se sabes que cumpriste o teu dever de mulher,
que foste mãe querida,
a mãe protetora,
a mãe do amor.

Sabes que foste mulher
que sempre quiseste vencer os obstáculos
que a vida te deu,
sabes que quando tinhas razão,
a tua voz se impunha na convicção da verdade.
Que importa,
se foste a mulher do afeto,
da concórdia, da amizade!

Que importam que digam
que és a mulher dos cabelos grisalhos
e do coração cansado,
se dentro de ti ainda brilha o calor do carinho,
irmanado nos seres queridos que te rodeiam!

Nos serenos dias do tempo que passa,
ficam as recordações das tuas alegrias
e os encantos das felicidades
encontradas da tua vida;
fica os abraços da sincera cordialidade
e a ventura duma vida abençoada
que o destino te deu.
Foste e sempre o serás,
uma mulher que soube honrar o seu nome
numa vida que a vida deu

Valdemar Muge

Saturday, March 21, 2015

A SOMBRA


Essa sombra que me persegue,
por mais que caminhe
e não lhe diga o destino,
ela me abraça e me segue.
Abraço este que em mim perdura,
tudo repete, tudo de mim guarda.

Sombra minha, sombra de meu ser,
serás minha amiga ou sombra do meu padecer?
Sombra dos meus trabalhos,
das minhas canseiras;
a dos passos das alegrias ou das dores,
a dos sonhos e das ilusões…
serás com certeza,
a amiga que não me larga desde o meu nascer,
a que sempre comigo estará até morrer.

Sempre junto de mim presente está,
minha confidente
e companheira para onde que vá.
Seremos os eternos cúmplices
do destino da nossa vida.
Sempre serás a testemunha dos passos que dou,
de onde venho e para onde vou.

 Valdemar Muge

Saturday, March 14, 2015

NA QUIETUDE DA VIDA


Será da neve dos anos da tua vida
ou do claro luar que recebeste da tua lida,
que nos teus alvos cabelos se vê e reflecte
o branco e grisalho que de te cima pende?
Será o prateado da luz que da tua alma se espalhou,
ou da branca doçura que teu coração polvilhou?

- Será com certeza, dos idosos anos que contaste
e das palavras que toda a tua vida confiaste.
Teus cabelos, já não são tantos como tantos eram,
mas muitos ainda são,
quantos são de tanta sabedoria que a vida te deu,
uma vida que o destino te floresceu.

Já não são os do vigor quando mais os tinhas,
esses teus grisalhos cabelos que ainda te adornam,
mas são,
os que ainda moldura teu suave e meigo rosto,
e aconchegam teu doce olhar nos teus dias
que agora te passam lentos ao teu corpo.

O crepúsculo dos dias,
cai sobre os teus idosos cãs,
na sua quietude outonal que os anos não perdoa.
Já te mostra o caminho de onde se avista
a montanha invernal para lá do horizonte.

                        No tempo que hoje passa,
                        tempo dos silêncios, das recordações de uma vida
                        que lentamente esvoaça…
                        saudades são, que o tempo guardou no coração.
                        Os anos vão,
                        mas as lembranças em ti não se apagam…
                        com elas ficarás.
                        Eu, saudoso,
                        ficarei com a querida imagem de teu terno rosto,
                        bem guardada dentro de mim, amando…
                        porque contigo,
                        estaremos mais presentes, te cantando.

 Valdemar Muge

Saturday, March 07, 2015

AS VOZES


Ouvem-se as vozes em cada novo dia vindo,
ouvem-se quantas a despertar os corações adormecidos,
daqueles que não querem ouvir as concretas realidades.

Ouvem-se as vozes dos lamentos, das angústias;
das que ecoam à falta de compreensão e ingratidão,
para os que não aceitam a razão e a não dão.

Ouvem-se as vozes:
dos que querem a liberdade e a justiça,
dos inconformados e dos prejudicados;
ouvem-se as da angústia, do desespero e da dor!
Eis as vozes que ecoam no dia-a-dia da vida,
dos que cada ser diz o que sente,
o que na alma transborda dessa gente,
desabafando as suas verdades ocorridas.

Elas que pousem nos corações de cada um
e que deem os frutos da justiça a que são destinadas;
que façam florescer as flores da concórdia
e desapareçam as ervas daninhas que tanto devastam.
Em toda a terra,
se ouçam os ecos das vozes da esperança,
da liberdade e igualdade,
e sejam a união fraterna entre os homens.

Ouvem-se as vozes dos desprotegidos e dos idosos,
as vozes que anseiam por uma vida com trabalho,
saúde e educação.
Que as vozes que se ouvem,
sempre sejam o arauto da verdade e da liberdade

Valdemar Muge

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