Saturday, February 23, 2013

O DISFARÇADO



Percorres disfarçado nas ruas
sem que te conheçam, mentindo.
Ris dos que por ti passam,
iludidos te abraçam, agradecidos,
satisfeitos das tuas palavras ditas
e de teus floreados escritos
lançados para as gentes que te ouvem.

Levas flores com sorrisos e gestos subtis,
mas dentro dessas pétalas, povoa a insensatez,
malévola crença de desejos pessoais…
como elas esvoaçam no espaço, colorindo-o,
disfarçando as negras nuvens da inépcia.

E assim, disfarçado, continuas a rir.
Porque ris?

Não vez a miséria dos que por ti passam?
Não vez os infelizes sem trabalho,
sem terem alimento para darem aos filhos?
Tu, que podias alguma coisa melhor fazer,
ao ver os seres na dor transcendente
da cruel amargura da sua dura luta.
Ó incautos irresponsáveis,
como fazem correr rios de lágrimas
e dores dos corações dilacerados!

Porque ris, porquê?

Não vês as guerras povoadas pelo poder
daqueles que não querem
o abraço da compreensão e da concórdia,
não ansiando o desejo da união?!
Ris disfarçado,
clamas a concórdia e a justiça,
mas ateaste o rastilho das discórdias.
Ris porque hoje estás no poder
do domínio que  ansiavas;
prometeste justiça e mais igualdade,
e na rua, como vejo, tanta desigualdade
e desespero angustiado.

            Que desejo enorme paira nos povos,
            que a nova aurora resplandeça em nós:                        
            riso esse que um dia desapareça dos duros corações
            e seja substituído pela sincera compreensão nos seres,
            em fraternal concórdia e justiça.

           Acorda à realidade!
           Arranca o teu disfarce
           e percorre com todos numa leal confiança,
           numa caminhada de maior justiça e progresso.
           Iremos sim, ao encontro de novos dias
           dum futuro promissor e de concórdia.

           Vem! Chegou o dia, vem.

Valdemar Muge

Saturday, February 16, 2013

SE PUDESSE


Que desejo tenho de a terra regar
com água de concórdia e paz…
começaria por esta tão querida,
nela nascida,
para que sempre nascesse os frutos da amizade.

Se pudesse esta terra regar,
com as águas queria abraçar
os corações em união
e a felicidade lhes daria,
com todo o meu coração.

Se pudesse esta terra regar,
não mais secaria as raízes da harmonia;
a este povo sempre daria
toda a sua merecida alegria
e progresso para todos desejaria.

Se pudesse esta terra regar,
cobria-a de flores e trigo.
A todos daria uma flor,
pão para uma vida querida,
e brotar uma santa tranquilidade.

Valdemar Muge

Sunday, February 10, 2013

A MÁSCARA


                       

                 A MASCARA
  
Máscara caída, abandonada, se desfaz…
bem foste divertida, agora, tudo ficou para traz.
Máscara escarnecedora,
abandonada agora estás…
com desdém olham para ti
neste lixo onde jaz.
Quantos seres se riram contigo
na tua vida de comédia…
fazias vidas alegres de muita coisa séria;
Quantas tristezas encobriste dentro de ti,
tanta fantasia criaste, de ti vi.
Na essência que vivemos, a que percorremos,
carregamos a trágica máscara da vida,
aquela perfídia máscara que quanto rejeitamos…
a cómica, essa,
temos para esquecer as amarguras da vida…
(apesar de repudiarmos a existência de qualquer uma,
a vida nos obriga a tê-las e não nenhuma.)
Tu máscara que tanto foste usada,
foste refúgio de quem te serviu… para nada.

Quanto valor se tem sem máscara ou disfarce,
se a verdade à face mostrada existir: é dignidade!
Desapareçam as mascaras e inflame então:
A franqueza e leal  sinceridade ao alcance de todos.

 Valdemar Muge




Saturday, February 02, 2013

A CIDADE QUE VOS MOSTRO



Eis  a  cidade  que  a  todos  abraça!:
Respirai este suave aroma,
fragrância que vem  da sua verde natureza.
O  que  sentis  e  o  que  nos  enlaça,
a suavidade  que  em  nós  passa,
é  o  perfume  daquelas  rosas,
e suas singelas mimosas!

        Escutai a melodia daquele  ameno  arvoredo,
sons  melífluos  que  em  nós  deslizam;
deliciai-vos,  prestai  atenção,
são  alegres  passarinhos chilreando,
juntos, como a  essência  tem  mais  enlêvo!

Fresca  brisa  ao  nosso  encontro  vem,
abraçai-a  e  refrescai-vos  com  ela;
e este bálsamo marinho que se sente.
quanto afago ele contem...
é a maresia do seu mar que nos vem!

Desta sua Ria  de  maravilhoso  encanto, 
quanto  reflexo  vejo  de  tanta  sedução;
fértil foi esta tua  natureza 
que  nos  invade  o  coração!

Olhai  para  este  povo,  sempre  na  sua  labuta:
Nele, está o brio, o afecto e a fé,
gente esta da  beira  mar,  corajosa,  até!
No  seu  peito,  sublime  alma  contêm,
amigo de quem lhe quer bem, é o lema que tem!

Admirai  a  hospitalidade  tão  sua  original.
Desfrutai  a  graciosidade  que  brota,
da  jovem  airosa, que o seu  encanto espalha;
da mulher,  seu  amor  ao  seu  querido, afaga,
e da mãe, seu carinho  no  lar,  aos  filhos  dá.

Contemplai as crianças, ali, felizes e alegres:
brincam,  saltam,  cantam  e   gritam,
uma vida de esperança, confiantes, esperam!
Cidade  esta  de amores  e  ciúmes,
e também quantas  rivalidades  e  queixumes.

Terra  cheia  de  folia  e  alegria,
sua  fama  no  Carnaval,  a  todos  contagia!
As não menos procissões religiosas, a engrandecem,
suas seculares tradições, que a fé não as esquece
neste povo que sabe rir e também amar.

Vinde,  e  sejam  com  ela  sinceros,
porque a  todos  ela  abre  seu  coração.
Todos aqueles que dela para longe vão,
saudade  levam, doce  paixão.
Jamais o brilho se esquecerá das suas noites de luar:
Sua  beleza  é,  e  sempre  o  será
sedução  que  nos  faz  encantar!

É  esta  a  cidade  que  vos  mostro,  que não morrerá,
Ovar esta que a todos sempre encantará!

Valdemar Muge