Friday, July 27, 2012

IDEAR

Para quê,
inflamar o ser de cada um?
Cada qual é aquilo que é
o que a si próprio vê.

Quanto mais vejo os seres que por mim passam
disfarçados na roupagem que usam,(são tantos...)
mais embaciado fica o brilho da sinceridade,
no cruel disfarce da máscara da falsidade.
Palavras ornadas que engraçam,
como quão bonitas iludem,
é beleza exterior que disfarça,
quantas pervertidas o são, que infundem.

Para quê?
Sonhos e ilusões a quanto obrigas,
muitos deles vivem nas cantigas...
mas na realidade ninguém os vê.

Cada qual cria e vive o seu mundo,
seja o desejoso humanizante ou o abjecto imundo,
semeando as sementes que quer e tem,
colhendo pois, os ambiciosos frutos que vem.
Cada qual quer o mundo que mais idealizou
e procura na existência o que mais quis e lutou:
uns, para mostrar o que valem e tem,
outros, para mostrar que são superiores a alguém.
Nesta efémera vida, quantos desejos prosperam:
alguns, flúem na essência, outros pereceram...
tanto esforço para a obtenção das suas intenções, porém,
todas ficam no pó sepulcral de aquém.

        
Valdemar Muge

Sunday, July 22, 2012

QUE SOU



Que sou eu?
- Não sabes, também não sei.
Mas sei que viajo no tempo que passa,
 no tempo Solar;
meus passos percorrem a terra de onde serei,
nas areias que em tempos saíram deste mar.

Neste exílio estrelar que a noite me afaga;
neste labirinto solar que envolve meu viver,
as aragens me segredam à memória:
que sou desta terra e deste mar, que me fez ser.

Sou terra e mar, que nasce e se consome,
sou desta terra que do mar nasceu;
sou deste mar que esta terra deu;
sou terra e mar, que fez homem e viveu.


Valdemar Muge

Saturday, July 07, 2012

ENCONTRO



Procurei-te por tão longe, amor,
e afinal tão perto de mim estavas;
tanto procurei a ternura e a felicidade
e ela ao encontro me veio, é verdade!

Como estava ávido da luz que propaga
no doce olhar feminino de uma carícia;
na lágrima do amor que suavemente desliza
entre dois corpos queridos que se afagam;
sentir a respiração, doce e com ardor,
da alegria, da vida, do amor!
Já não importa ser pássaro, água ou brisa,
tudo corri para te encontrar, tamanha liça!
Agora, somos dois seres que se querem,
ao encontro vieram e junto felizes serem.
Sei que encontrei o fruto prometido;
a água para saciar o coração fumegante;
a musa para a canção adormecida, errante.
Encontrei a semente para o pão desta vida,
na mesa, juntos, saborearmos a fruta tida.

Enfim, encontrei a flor que ainda desabrocha,
pois ela brota o afago do coração, como rosa;
encontrei os sonhos acalentados de amor,
no orvalho da manhã, vindos daquela flor.

O pássaro da solidão já longe voa, fugindo,
e a alegria do rouxinol, canta aos corações, vindo;
é a nova esperança que flutua com o amor
de dois seres confiantes no futuro promissor.


Valdemar Muge