Saturday, June 30, 2012

RECORDANDO



Eis a juventude ansiosa,
peregrina, à procura da ternura.

Procuro a juventude da alegria, da esperança, do amor:
Deslizo no leito das águas da fonte da vida,
onde meu desejo possa morar e não o encontro...
pelo caminho, fica o fresco duma paisagem,
o perfume da flor que esteve e foi com a aragem.
Embarco no raiar do sol que me possa iluminar,
cheio de esperança, ao encontro do teu suave afago,
mas apenas encontro o frio olhar e coração amargo;
encontro ténue calor no baço reflexo da luz
sem a chama que procuro, a que me propus.
Sou pássaro que flutuo no vento:
Percorro à procura do ninho do amor…
comigo, levo venturas e ideais,
sonhos e promessas que possa dar;
levo um coração ansioso de sorrisos e afectos,
de quanto o amor possa fluir;
pássaro cativo, desejoso da juventude
abraçar a alegria da vida e ventura do amor.

Oh juventude, te vejo fugir e não mais voltar:
Vejo-te na rua quando passas e nada dar.
Sonhos criados, meus passados,
já tantos foram derramados…

Resta levar na alma tudo o que percorri
com a saudade, os sonhos que desenvolvi;
resta a serena aragem, mais tranquila,
            que corre no pomar da vida que usufruímos,
           e sentir o sabor da fruta madura apetitosa...
           porque nela, está o encanto da seiva amorosa.

           
Valdemar Muge          

Saturday, June 23, 2012

OS TEUS VERSOS



Queres ler os versos que te fiz, amor?
Queres os teus e só teus, bem sei;
ler aquele amor que tanto te falei;
o nosso, a chama querida, fruto e louvor.

Procuras os teus versos, perguntas onde?
Procuras as palavras coloridas, sentidas;
declarações amorosas que te sejam queridas,
e ainda não as viste, onde elas se escondem?...

Vês versos em toda a parte, bem sei!
Vês sobre as flores, nos rios, nos campos;
vês sobre as crianças, nas mulheres, no amor;
em tudo à tua volta, nos versos que criei.

Não vês só os teus, os que queres receber…
pois tão perto de ti estão, e só teus são;
procura-os no meu coração, aqui os vês…
pois guardados estão para ti, enquanto eu viver.

Escuta-o, que ele te fala suavemente;
te segreda o amor e carinho que te dedica.
Quanto maior for o nosso afecto, maior fica
a chama querida que arde eternamente.

Valdemar Muge

Saturday, June 16, 2012

ARAGEM



Tu me segredas os encantos
de onde vens;
me afagas com a suavidade
de onde a trouxeste;
trazes o espelho das águas
por onde passaste;
quanto bálsamo dás
e sempre mais quanto tens!

Mas também me lembras,
esse mar cruel que tantos sofreram...
aquele de onde muitos vivem
e a vida que muitos te deram.
Aragem que me envolve,
não me tragas mais lágrimas e dores,
porque essas,  já aqui muitas vezes passaram,
são recordações tristes que já ficaram.

Aragem, vem!
Contigo, suave e doce,
quero envolver-me na carícia da manhã;
no quente repouso do calor da tarde;
no declinar do dia que nas aguas espelham;
na serena noite que tranquilamente em ti debruça
e na paz que também sabes oferecer para inspirada musa!

Valdemar Muge




Saturday, June 09, 2012

ONDE ESTÁ MEU CORAÇÃO?



Onde está meu coração?! Onde?...
- Ali! Na ternura para aquela criança;
no afago para o necessitado;
no carinho para o idoso!

Procuro-o...
e também encontro quanto retalhado
naquelas crianças com fome;
no sofrimento do nosso irmão;
na crueldade das guerras que tantos levam;
nos ódios e injustiças que se geram,
e na insensata juventude que se destroça!

Enfim...
Mas como sempre te encontro:
no terno e querido beijo dado;
no nosso ente sempre amado;
no amor que se dá livremente;
na liberdade e na justiça, finalmente!

Agora...
               sei como encontrar meu coração!
Sei que está na felicidade de todos vós;
na alegria de todas as crianças, até ao mais velho;
na paz dos filhos, dos pais e dos avós;
na comunicação com Deus;
na força da vida de que desejamos!

Sempre mais coração terei,
        mais tenho para repartir e mais ficarei!


Valdemar Muge

Saturday, June 02, 2012

ONDE ESTÃO AS VOSES



                 ONDE ESTÃO AS VOZES
das alegrias espalhadas nos olhares abraçados?
Nos quentes sois
que as almas felizes cantavam
e nas iluminadas luas,
                  os corações embalados, ouvindo, sonhavam...

Onde estão?...

Onde estão as vozes
que os ventos que minha voz para longe levavam?
Das fontes que agora só lágrimas choram,
(são saudades que deslizam e que moram)
e deste mar que as nuvens sequiosas lhe beija
num namoro fugaz, mas que deseja...

 Onde estão'...  

Onde estão as vozes da felicidade?!
Porquê, que vejo flores tristes
e sangues nos charcos apodrecidos
do vício e da miséria impregnada?
Porquê, que vejo céus escuros
nos sem abrigos e nos mendigos padecidos!
Porquê?... Que vejo as esperanças perdidas
dos desejosos duma vida renovada, querida...

Chorar, para quê?
                                                                                          
As lágrimas já quase não brotam
e os corações se cansaram;
A Natureza quase não canta, entristeceu...
                                                                                                          
Vós Poetas!
Construtores dos desejos nas terras iluminadas
e nos astros da concórdia, em vós espalhados,
sejais os Arautos dos Tempos prometidos
e das felizes manhãs a desabrochar nos corações!
Então, clamem vossas vozes,                                          
dando alegria à Natureza, porque ela ainda não morreu!

Juntos, sairemos dos desertos adormecidos
e dos charcos impregnados da incúria,
e vamos dar voz à Sobrevivência do amor!

Mataremos a sede a esta Terra ressequida
e as verdejantes realidades florescerão das esperanças!

As nuvens de cinzas então espalhadas,
se dissipem nos confins subterrâneos da destruição
e as Auroras renascidas,
tragam as vozes anunciadoras
da felicidade por todos desejada!
                

               Valdemar Muge