Saturday, March 02, 2024

QUANDO A BRISA PASSA



 QUANDO A BRISA PASSA

Quando a brisa passa neste silêncio que me abraça,

neste esvoaçar do tempo de recordações e de saudades,

ouço ténue eco que me deixa em segredo,

que me faz lembrar e invade o pensamento,

me faz parecer aquilo que era e agora não é,

aquele saudoso e amado pregão,

essa melodia da varina quando na rua percorria,

esse cantar nascido da gente do mar de então,

desse mar que me faz recordar na brisa que passa,

esse encanto, essa graça nas ruas, da varina descalça.

 

Esse sentir que me aconchega,

 será saudade ou tristeza que me chega

de agora não as ter para ouvir, para delicia;

as que registe às amarguras da vida e do mar,

eram essas, quando as tinha na rua,

nos olhares. e no seu castiço diálogo de ser...

e o mar me traz essa saudade para a ter,

e as ruas, agora, me fazem alma nua.

 

E a brisa me traz o som do mar,

me recorda quando no turbilhão das ondas,

na conquista da fauna,

esse pescador das águas desta terra, desta praia, da rua,

esse, que no mar lhes vem a força, esse ânimo, essa luta,

que o mar lhes enaltece a vida,

o mar ouve sua voz, essa voz que ecoa no tempo,

que o tempo a leva e volta com o vento.

E nesse tempo ficaram as  marcas no chão,

ficaram das caminhadas, as tristezas,

as alegrias das suas vidas, das suas paixões...

e no silêncio da brisa que do seu mar vem,

corre o eco do hino do seu louvor,

e do pregão da graciosidade das varinas de então.


E nesta brisa de saudade, neste sol de amizade,

neste tempo de recordar, neste sentir querido,

acarinhando os rostos de quem já foi,

enxugando as lágrimas de quem também chorou,

e as alegrias que a vida lhes proporcionou,

fico neste silêncio com minha alma em sublime elevação

de quanta grandeza existiu nesta terra das varinas

que sempre se recordarão.

 

Valdemar Muge

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