Thursday, February 29, 2024

NESTAS RUAS...


 

NESTAS RUAS ...


Nestas ruas por onde caminho,

destas da minha cidade, da minha terra,

onde o sol vem dar brilho a quem nelas passa,

vem deixar o afago da luz a quem o abraça,

e a lua vem embala os sonhadores do amor,

há quanto encanto vivo, que outro não seria,

da beleza das mulheres desta cidade:

que trazem nos olhos, o brilho solar da simpatia,

no seu doce olhar que flui, da sua cor de mel;

no rosto, o sorriso da ternura, da cordialidade;

no coração, a afável e sincera bondade,

e o corpo, oh! esse, é como flor bela da natureza.

 

E quantas que passam, morenas e sadias...

pois essas são as mulheres da beira-ria,

que nos olhos têm o brilho do luar nas águas da ria,

e no espírito, a alegria, cantando a simpatia

e a abnegação do trabalho da sua terra, da sua vida.

 

Passam as que têm as formas ondoladas das ondas do mar...

porque essas, são as jamais igualadas da beira-mar:

trazem o verde-mar nos olhos,

e o iodo na pele rosada;

passam leves, até parecem que deslizam como a espuma...

envoltas com a brisa, passam... 

e passam com o salgado esvoaçado nos soltos cabelos;

e o marejar do mar nas palavras,

e nos sentidos das suas vidas

 

E quantas também passam, airosas, correndo,

não menos vistosas que outras, não menos elogiadas,

de pele queimada, de rugas duras da vida;

mãos calejadas e olhos da cor do trigo maduro:

são as trabalhadoras do campo, essa vida tida,

as amarguradas da terra, as escravas do pão

que esta terra dá,

porque desta terra também são mulheres de cá.

 

Elas passam, vão percorrendo os seus caminhos da vida,

levam os seus sonhos, as suas canseiras, as suas paixões;

levam a esperança da paz, da felicidade, do amor;

levam o cumprimento do trabalho, da cordialidade;

guardam as emoções da alegria vivida, da amizade;

mas também suportam a dor sentida, a ausência, a infelicidade.

Mulheres vivas destas ruas, desta terra sua,

construtoras da vida e alma querida.

 

Valdemar Muge

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