Nesta quietude e dourado Outono
que à minha volta se espalha,
bebo do seu cálice de afago e
poesia,
de felicidade e alegria à vida,
por hoje o poder abraçar e
vive-lo dia-a-dia.
O vento me envolve com as folhas
deste Outono dourado, e a alma se extasia,
no embalado
encanto destes serenos dias.
Neste Outono que tenho e vivo,
ele traz-me as
recordações dos perfumes de mel
de quantos entes
queridos e amados;
dos
convívios, no crepitar do lume na lareira
de tempos
jamais esquecidos.
Desses
tempos de menino,
ficou o odor das flores de felicidade,
como recordação para
este Outono que canto.
Era
então, o rebentar das flores da Primavera,
que tudo era sonho, ilusão, as
almas cantavam e os corações tudo queriam amar.
Mas no Outono presente,
não quero
a saudade das cinzas do passado,
nem as lágrimas e desilusões que o tempo as
levou...
quero o suave
encanto de hoje, construímos-lo, a alegria do presente e a esperança do
futuro.
Quero a
alegria da felicidade em todos os corações.
Quero o riso de cada manhã que
renasce,
embalado
em sonhos acessíveis que a vida nos oferece.
Quero as mãos e os abraços da
fraternidade deste Outono,
dados em
cordial harmonia e concórdia,
e,
os lábios e os rostos felizes, em união de felicidade,
e todos os membros do
corpo,
se
abracem em elo de alegria em fraternal igualdade.
para espalhar nos meus irmãos
que
sofrem neste mundo conturbado,
para
que todos se ameim, que todos sejam felizes.
Quero a alegria deste Outono de poesia,
para
apagar os queixumes
e os
gritos que chegam até nós:
da
dor dos desempregados,
dos
gemidos dos famintos,
da
angústia das crianças dispersas,
do
desespero dos torturados
e da agonia dos moribundos,
nesta
imensa e humanidade ferida.
Oh!
Membros que sangram, sejam felizes,
tomai
a alegria deste Outono que vos abraça e afaga!
Porque se assim
sofreis,
também
não posso ter alegria e com vós sofrerei.
Cantemos, abracemos-nos, sejamos felizes!
Construamos mil
Outonos de paz e amor!
Se
neste Outono, o de hoje, não for aquele que queremos,
onde as folhas sofridas
descansam no silêncio,
procuramos sempre o que idealizamos e amamos,
o que
sempre a alma ansiou,
o da serenidade e da paz…
Estaremos
juntos, nesses nossos Outonos,
abraçados
ao encanto da poesia,
ao encanto da felicidade.
Valdemar Muge
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