Neste silêncio que hoje aqui permanece,
o sentir dos corações que passam se
desenvolve:
Vejo os traços das plangentes
lágrimas deixadas nos rostos,
razão de ser de passados do vosso
viver,
que no coração marcou e não esquece.
Neste silêncio que vagueia onde
viveis:
É conforto, é desabafo da nostalgia
que conteis;
é sentir que tendes, mesmo que não
quereis
na passagem do tempo do vosso viver,
no percorrer da vida do vosso ser.
Neste silêncio, vê-se as marcas
deixadas do viver:
Os sulcos gravados dos sofrimentos e
privações;
os acontecimentos, quantos, que a
vida deu;
as felizes recordações que tanto
foram queridas;
os sonhos que passaram nas vidas
tidas.
Tudo isso, são factos sentidos do
tempo vivido.
Agora, enquanto povoa este silencio
presente,
nestas ruas sem vida, adormecidas,
de ar amargurado que nelas correu,
surja uma nova vida, que seja
contida:
se transforme a violência, em
abraços irmanados;
a tristeza, em alegria permanente
nos tristes corações;
os ódios, em afectuosos abraços de
paz em toda a gente.
ao da esperança por um futuro melhor.
Canto a esta tranquilidade da
Natureza-Mãe,
que floresçam as pétalas da
felicidade entre os homens
e os frutos da sabedoria do bem
querer;
que brilhe a luz do amor em todo o
ser,
as mãos da boa vontade se dêem e se
tomem
e os peitos se abrem com os clamores
da concórdia!
Será idiotice ou loucura, fantasia
ou sonho,
não me pergunteis,
porque dessas palavras não me tomo.
Ficarei com o sentir deste silêncio
que aqui pairou,
que meu peito conteve e o coração
vos cantou
deste meu consciente que para vós
desejou.
Valdemar
Muge