Tuesday, January 22, 2013

LAMENTO



Povo este desta terra
que atravessas-te terras e mares,
ouvi este lamento que esta alma encerra!
Ouvi os desabafos dum coração,
com triste voz
e saudosa recordação.      
Eis o que aqui deixaste
e que sempre amaste:

Nas águas dos rios correram lágrimas
daqueles que vos queriam e cá ficaram.
Vossa rua quando a tinhas, pobre ficou...
pois quando tua mocidade partiu,
vi como ela chorou.
Quantas cantigas e alegrias, convosco foram…
aqui, essas, como se transformaram em magoas.
Os canteiros da vossa terra, quão flores encerra...
como murcharam à despedida da gente, que era.
Corações de mães, sós, quanto sofreram...
dores escondidas, amarguras sofridas,
e quantas sem vos ver, com a dor morreram.
Mulheres que sem os maridos ficaram…
tantas foram, sozinhas, os filhos criaram!
Povo este da minha terra,
como assim foi e assim continua a ser:
amargo destino que vos encerra!
Não tinhas trabalho, para nela labutar,
nem voz com liberdade, para nela falar!
Mas vós, gente que daqui partiu,
brioso, aventureiro como jamais se viu,
 tem alma e voz, para longe gritar:
Terra mãe, onde nasci, saudoso torrão para amar!

Valdemar Muge 

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