Tuesday, December 16, 2025

PUDESSE EU


 

PUDESSE EU

 

 

Pudesse eu ver na calçada da rua,

os vossos passos de felicidade com pétalas de alegria,

em vez de sulcos de tristeza, de pobreza,

e lágrimas derramadas em cada dia;

 

ah, se eu pudesse ver no doce e triste olhar,

nesses olhos que por mim passam quase a chorar,

a alegria que então em vós resplendecia!;

 

como queria saber que nesses corações de tanta melancolia,

não terem a alegria de viver,

a primavera que em vós existia...

se pudesse, silenciava as guerras, destruía a maldade,

os ódios, para que houvesse paz e harmonia.

 

Mas são os poetas que sentem o pulsar dos tristes corações,

esse sentir, que flui em doce canto de sua forma de existir;

são eles, quando veem as lágrimas caídas nas faces doloridas,

 as recriam em pétalas de rosas, 

acariciando a tristeza, a melancolia;

são eles, arautos da paz, da harmonia, do amor,

porque sempre sonharam para que não houvesse tanta dor!

 

Valdemar Muge

ADÁGIO POÉTICO

  


ADÁGIO  POÉTICO                     

                                 I

Nas tardes outonais que passam,

passam nuvens tristes, plangentes,

levam saudades que esvoaçaram

de quantos sonhos idos de tanta gente;

essa gente que seus sonhos tiveram,

mas de sonhos não passaram, pereceram..

e quantos também serão meus, que voaram?

Mas no destino acontecido, tido,

para as nuvens seguiram, e lá ficaram perdidos.

Elas passam, e deixam as gotículas de saudade

num rosto lacrimoso de outono, que se sobressai

neste tempo de lembranças,

tempo saudoso que corre e vai.

 

                                         II

 

Nas tardes silenciosas de quando nelas caminho,

a brisa deste mar e o aroma dos loiros campos semeados,

me abraçam, me aconchegam os silêncios de encanto:

o sentir do marejar acariciador na branca areia,

e a música desta terra de louvor e de recantoss de flor,

num aconchego amigo, fraternal, que no coração flui.

São aromas que se sentem, melodias para gente que abraça

esta terra, que nela vive, e que por aqui passa.

                                      III

A natureza me criou, nela cresci, dela sou.

Haverá sempre o semeador para a semente do fruto, da flor,

da árvore, o progenitor da vida em que parte for,

( eles são os criadores da esperança, da sobrevivência da essência.)

Haverá sempre o construtor do progresso, da vivência,

da arte e da sobrevivência em cada dia,

( eles são os artificies da cultura, da inovação que cria.)

Haverá sempre o missionário da paz, do amor, da alegria;

o apaziguador da tristeza, das discórdias e da pobreza.

( os seres de alma sublime que a natureza criou ).

Neste Mundo, haverá sempre uma missão para alguém,

porque dele fazemos parte, destino que a gente aqui tem.

 

                                IV

 

Abençoada visão que vê a luz que me ilumina,

que me cria em cada dia, que me Te faz crer...

razão de eu o ser aqui para um dia de Ti ser.

No silêncio, procuro a razão por que Te quero amar,

e na serena noite, olho o céu, num especial encanto meu,

Te procuro nas estrelas, naquelas que me parecem mais belas:

o teu rosto, o teu olhar, as tuas mãos singelas...

Mas não. Encontro-Te ao meu lado, no amor espalhado

em cada ser, em cada coração,

em cada fraternidade e amor partilhado.

 

                                V

Os meus versos, comigo, viveram uma vida,

com a chama que fui alimentando nesta vivência

das marés, dos ventos, dos tempos tidos...

foram esteios que ficaram gravados,

foram dias do pensar, na minha existência.

Quando não mais poder alimentar essa chama,

a cinza do clamor das letras sentidas,

voará para que destino for...

mas que caiam em chão fecundo, na memória da saudade,

e fortifiquem a seiva das flores da alegria, da paz, da amizade.

No silêncio que então ficará, no vazio do abraço despedido,

flutuará a lembrança de uma alma de sonhos tidos,

das partilhas fraternais e vivências amigas, acontecidas.

 

Valdemar Muge

DITOSAS AS MÃOS


 

DITOSAS AS MÃOS

 

 

Ditosas as mãos que espalham a ternura,

o afeto, a bondade;

que ensinam, que trabalham

e constroem fraternidade.

Elas percorrem caminhos, rasgam luz,

navegam horizontes...

elas passam por ti, em cada dia, em cada instante,

essas ditosas mãos que de muitos de vós serão,

que de muitos de vós na bondade pousarão.

 

São essas carinhosas mãos

que fluem em tempo de felicidade:

que fazem brotar o beijo do amor,

o abraço da paz em cada dia

o sorriso da amizade que perpétua,

a música da alegria da fraternidade,

que falam no silêncio da ternura,

da harmonia que flutua.

 

Essas pequenas mãos que vossas serão,

membros maravilhosos e belos são,

sejam mimosas e quanto tão amorosas,

ou calejadas e em ferida das amarguras do tempo vivido,

mas que sejam humildes e generosas,

para gratas receber a luz do mundo, a da vida.

 

Valdemar Muge