Thursday, August 11, 2022

QUANTOS TEMPOS GUARDEI

 


           

   QUANTOS TEMPOS GUARDEI

Quantos tempos guardei que tanto sentir me fizeram, te

sentir que no tempo ficou mas frutos na alma deram:

Sou guardador do tempo das palavras amigas

que habitam nos lábios com sorrisos afetuosos:

as suaves e leves que deslizam tão carinhosas,

mas também as com força de tempestade, de luta, de amizade;

das ternuras que esvoaçam e pousam nos corações

envoltas no manto da sinceridade;

dos dias da esperança dos sonhos idealizados,

do erguer das quedas nos corpos maltratados,

das dores sofridas e com coragem foram vencidas

com tenacidade, com raiva, com luta, com ardor;

dos alegres dias cantados á luz do amor e da liberdade,

com abraços da felicidade de viver

com todos vós, amigos, e aqui permanecer;

das palavras partilhadas com rios de afetos,

e  das que fizeram enxugar lágrimas de dor e de saudade.

O do fogo, das inundações, da fome, do sangue das guerras,

esse tempo não! Não quero guardar esse viver.

Não o quero ser, nem o desejo para ninguém ter.

 

Sou esses tempos guardados,

esse sentir que a vida me deu,

essa força que a alma criou neste peregrinar meu,

esses tempos de memórias, tesouro que a vida criou

neste viver que a Natureza fecundou.

Sou o fluir do tempo deste poema cantado,

de rio que corre em murmúrios cantando;

marejar de mar que suaviza, que cria, que luta;

de flor que desabrocha, anúncio de paz, de alegria;

de fruto que vem a vida, dádiva do trabalho, seiva de viver.

Enfim, sou semente que germinou o sentir guardado da vida,

árvore da semente deste cântico vivo da Natureza,

poesia que se criou e se canta e dança á vida,

neste mistério vivo que nos embala com alegria e tristeza.


Fui todo esse tempo, recordações da memória da vida.

Hoje, não quero tempo algum,

só quero o eterno presente para as memórias do sentir

nos corações de todos os vossos tempos.


Valdemar Muge