NOS TEUS OLHOS...
Nos teus olhos, li as palavras que me não disseste
porque estavam suspensas, á espera de me as dares;
vi a ternura que lá pousava e que o coração tinha para dar;
vi o encanto que espelhava, que então me querias oferecer:
esse sentir que brotava de quanto me amavas.
Nos teus olhos, via quanta alegria, quanta felicidade tinham,
era o florir do amor, a exaltação da alma á vida;
vi neles, o brilho que o coração exalava e queria dar;
via neles, a alegria da vida, o querer abraçar o amor,
o querer acreditar que a vida que se tem, é para amar.
Nos teus olhos, quanta saudade agora vejo,
sentir que a alma contém e ao olhar vem:
saudade de já não teres o afago das ondas a teus pés beijar,
e nos olhos trazerem o verde-mar para sonhar;
saudade de já não poderes ter os horizontes para abraçar,
que fazem renascer á vida as novas auroras,
e, apanhares o encanto colorido do pôr do sol,
para com ele sonhar, com ele amar;
saudade do correr ao encontro da natureza,
nos silêncios da paz e do Amor,
e teres as rosas dentro de ti, como sempre te vi:
estas, são as tuas saudades de memórias eternas.
Agora...
tens as recordações envolvidas nas pétalas da saudade
que ao espelho dos teus olhos se refletem:
uma luz que te ficou e brilha no azul estrelado do passado,
juntamente com a da esperança do futuro,
essa, que quer ser guia a iluminar a força de teu viver.
Nos silêncios de hoje, nos caminhos possíveis a encetar,
juntos, caminhamos, dando as mãos ao encontro da paz
com as palavras agora soltas, vindas do coração:
as do tempo presente, de cada dia,
as da noite as do dia:
umas, orvalhadas da noite, nos sonhos do desejo,
outras, ávidas do cântico da alegria e da felicidade...
as que sonham com as estrelas,
as que germinam com a luz da vida
na partilha da essência da existência,
e as que cantam a alegria e a paz do Amor,
que criam corações fraternos e bálsamos para a dor.
Guardaste em ti, as pétalas das rosas que tiveste,
essas, de carinho e afeto que agora as vais espalhando,
polvilhadas com o colorido marinho do pôr do sol,
e do pincelado do nascer das auroras de cada dia,
vão saindo de dentro de ti na fluidez da amizade, oferecendo
em cânticos de amor, em bálsamos de carinho:
estes, são retalhos de uma vida que te a sinto e canto.
Valdemar Muge