Tuesday, April 26, 2022

NOS TEUS OLHOS ...

 


                    

 NOS TEUS OLHOS...


  Nos teus olhos, li as palavras que me não disseste 

     porque estavam suspensas, á espera de me as dares;

     vi a ternura que lá pousava e que o coração tinha para dar;

     vi o encanto que espelhava, que então me querias oferecer:  

     esse sentir que brotava de quanto me amavas.


     Nos teus olhos, via quanta alegria, quanta felicidade tinham,

     era o florir do amor, a exaltação da alma á vida;

     vi neles, o brilho que o coração exalava e queria dar;

     via neles, a alegria da vida, o querer abraçar o amor,

     o querer acreditar que a vida que se tem, é para amar.


     Nos teus olhos, quanta saudade agora vejo,

     sentir que a alma contém e ao olhar vem:

     saudade de já não teres o afago das ondas a teus pés beijar,

     e nos olhos trazerem o verde-mar para sonhar;

     saudade de já não poderes ter os horizontes para abraçar,

     que fazem renascer á vida as novas auroras,

     e, apanhares o encanto colorido do pôr do sol,

     para com ele sonhar, com ele amar;

     saudade do correr ao encontro da natureza,

     nos silêncios da paz e do Amor,

     e teres as rosas dentro de ti, como sempre te vi:

     estas, são as tuas saudades de memórias eternas.

    Agora...

    tens as recordações envolvidas nas pétalas da saudade

    que ao espelho dos teus olhos se refletem:

    uma luz que te ficou e brilha no azul estrelado do passado, 

    juntamente com a da esperança do futuro,

    essa, que quer ser guia a iluminar a força de teu viver. 


 Nos silêncios de hoje, nos caminhos possíveis a encetar,

 juntos, caminhamos, dando as mãos ao encontro da paz

 com as palavras agora soltas, vindas do coração:

 as do tempo presente, de cada dia,

 as da noite as do dia:

umas, orvalhadas da noite, nos sonhos do desejo,

outras, ávidas do cântico da alegria e da felicidade...

as que sonham com as estrelas,

as que germinam com a luz da vida

na partilha da essência da existência,

e as que cantam a alegria e a paz do Amor,

que criam corações fraternos e bálsamos para a dor.


Guardaste em ti, as pétalas das rosas que tiveste,

essas, de carinho e afeto que agora as vais espalhando,

polvilhadas com o colorido marinho do pôr do sol,

e do pincelado do nascer das auroras de cada dia,

vão saindo de dentro de ti na fluidez da amizade, oferecendo

em cânticos de amor, em bálsamos de carinho:

estes, são retalhos de uma vida que te a sinto e canto.


Valdemar Muge