As suas mãos, eram criação.
Delas, nascia a
forma
simples da sua
sensibilidade;
a arte manuseada
da sentida inspiração;
a obra realizada
da tradição de um povo.
Das suas formas, nasciam
palavras que viveriam,
que abraçavam a
água, a luz, a vida;
abraçavam o
trabalho, o talento, o tempo;
corriam horizontes,
deixavam ternura pela alma dentro.
Ele, meditava com as
estrelas que criou;
sonhava nas noites que nelas se refugiou:
eram crepúsculos de uma vida que
vivera.
Das suas formas, sentia-se o
cantar da sua alegria,
e o amargor da
sua dor:
eram o refúgio
do seu sentir,
a herança
deixada da sua existência.
Ele queria
deixar nas suas formas de barro,
(a substância
que sempre trabalhou,)
gravados os
sentidos da arte, da paz e da ternura;
queria deixar o
testemunho nas suas formas criadas,
a cor da luz, a
imagem da alegria e da esperança,
o brilho do dia
e o crepúsculo do anoitecer que sempre viu,
onde umas mãos sensíveis,
podem idealizar vida,
podem transmitir
amor que nele existiu.
Pudesse eu assim fazer nas
palavras escritas;
pudesse assim
ter umas mãos criadoras,
que o Criador
nelas mostra a Sua sublime imagem.
Valdemar Muge