Sunday, January 27, 2019

O LAMENTO DO MAR


                          
    
              Era um mar de hinos, de louvores;
de sonhos, de anseios;
de alegrias e de dor.
Um mar que foi e agora já não é o que era:
uma recordação dessa tradição, dessa labuta.

Era uma praia de branca areia,
onde a alegria e a felicidade juntas existiam;
onde as vozes cantavam e os corações se encontravam;
onde os pregões nasceram e a Varina se exaltava!

Agora, já não há barcos, não há pescadores,
não há varinas que deste mar e desta praia viveram,
e o pregão então cantavam:
"É do nosso mar, fresquinho a saltar, quem quer, quem quer!"
                               Desse nosso mar,
já não mais haverá esse peixe que nas ruas se vendia.
Há saudade e tristeza daquilo que era, que foi e jamais será.
Agora, esse mar, à praia um lamento vem deixar,
uma saudade vem beijar, a recordação lembrar,
porque nele está o eco das vozes que dele viveram,
e na praia, sempre estará a frescura matinal do abraço
que o pescado partilhavam.
As Varinas, essas, oh! Não choreis...
(Mas ainda haverá algumas desta praia, deste mar?)

 Homens deste mar, Mulheres desta praia!
 Fostes um marco desta terra:
 Com a vossa fé, vencestes o temor das águas
 com o grito da valentia e a coragem do crer;
 com vosso pregão, levastes seu encanto,
 sua beleza, sua graciosidade por terras além,
 por horizontes da vida.                                    
O tempo, não apagará o valor destes homens e destas mulheres
que venceram uma luta pela sobrevivência da vida,
que jamais se esquecerá das nossas memórias.

 Valdemar Muge