Monday, October 03, 2011

CAI A CHUVA


Cai a soturna noite triste e fria,
cai a chuva na deserta rua,
cai a tristeza no coração sem alegria
de tantos, quantos a dor é sua.

Cai a chuva nesta triste noite escura,
cai na molhada vidraça o sopro embaciado,
cai a melancolia por quem passa na rua,
talvez alguém que não foi e não é amado.

Na fosca rua que da vidraça reflecte e se vê,
passam tremulas sombras, de crepitantes,
será alguém varejado pelo vento ou quê?
ou alma dolorosa do pesar dos anos pungentes?

Será vida amarga que debaixo da chuva passa,
o frio que a enlaça no seu destino, como triste será...
será criança ou jovem na sua doença que propaga?
Felicidade não será! Vida na rua de noite fria, é dor acolá.

Cai a chuva nestes corações dilacerados,
cai o frio nestas almas que passam, fragilizadas:
São irmãos, quantos um tanto abandonados

            que na vida sofreram e hoje, elas estão despedaçadas.

                                                                      Valdemar Muge