Sunday, April 06, 2025

GUARDO O TEMPO


 

GUARDO O TEMPO

 

Guardo o tempo que a brisa me envolvia e sonhava,

porque sentia que nela vinhas, para me afagar contigo.

A brisa passava, passava, e a tua imagem então ficava,

meu amor, para te abraçar sonhando,

e para sempre assim te ter amando.

 

Guardo o tempo que o brilho das estrelas nos iluminavam,

com elas, suponha que o brilho da noite seria eterno.

Mas era o brilho de teu olhar que resplandecia,

ele é eterno, é que me acariciava

nas ternas noites que os corações rejuvenesciam.

 

Guardo o tempo que os caminhos tinham vento agreste,

mas depressa o vento passava e vinha a bonança;

pois se as rosas também têm espinhos agrestes,

mas o seu encanto faz esquecer a presença dessa agre-dez ...

era o tempo que as palavras eram poesia,

e, os sonhos floriam nos corações que então havia.

 

E no silêncio do tempo que agora vai passando,

quando tens os olhos fechados, que acontece, meditando,

nesse universo que só eles sabem criar e dar,

fecho os meus, para ver o que dentro, sentindo, dos teus têm:

parece ser reflexos de lágrimas de saudade que de ti vêm ...

são recordações que o brilho da memória ainda contém.


E nos teus silêncios que agora te pousam,

silencioso também fico na partilha triste

de tudo que foi e agora parece que não existe,

de tanto que brilhou e agora até parece tempo triste.

Como são saudades dum tempo que a vida tem,

quando a felicidade é a mais sublime riqueza que se tem.

 

Neste teu silêncio de corpo dorido n0 leito, adormecido,

está a mulher vivida com a ternura e a amargura tidas;

está dentro de si, a solicitude e a prontidão em cada mão.

Na sua dor deste silêncio, estão os sonhos do passado,

as alegrias, as vivências partilhadas, queridas,

o hino à vida, ao amor, à fraternidade havidas;

no coração, está a dedicação e a ternura de mãe,

carícia de flor, afago de esperança dadas,

felicidade encontrada, mulher única amada.


És poema que flui à vida neste teu silêncio,

mulher que flutua no delírio das recordações,

e guarda o tempo de que sempre quis amar,

abraçando a coragem, a alegria no coração,

e também quantas lágrimas no olhar vão.

 

Valdemar Muge

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