A MUDANÇA
Irei mudar de residência para longe daqui,
porque já semeei o que pude e cantei o que senti.
Deixo os frutos do que plantei e colhi...
nada levo, tudo ficará , essa vontade assim o desejei,
agora envelhecido, só me resta o que então amei.
Irei morar para bem longe daqui,
mais não consigo fazer para o que aqui vim,
e talvez não consegui construir o que queria ser.
Minha alma, já estará madura de aqui coabitar,
as forças vão-se perdendo, e, pouco mais posso dar.
O tempo, quanto de mim levou e se desperdiçou...
tudo se ia mudando, mas também me foi dando
fazendo em mim este pobre e peregrino ser:
Aos poucos, o silêncio era meditação;
a partilha, a mutua compreensão;
a curiosidade, o sempre querer saber e ser,
e, a paixão, essa, no mistério do coração.
Agora, vivo o tempo do acontecido
á sombra da luz da reflexão, agradecido;
saboreio os encantos dos frutos maduros
que o tempo foi criando,
e, a Graça de ter vivido com todos, amando
nesta vivência de paixões que fui cantando.
Morarei junto dos pássaros, para ouvir o seu cantar;
ou junto ao pôr do sol, nessa luz que adormece no mar.
Morarei talvez, nos caminhos Luminosos do céu
em véu ou manto azul,
onde ninguém me veja,
num silêncio de plenitude Paz querida,
que o milagre da vida transforma e dá.
Valdemar Muge
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