Saturday, September 17, 2016

ONDE ESTÁ O AMOR?


Onde está o amor, onde?
Ó corações insensíveis, como andais distraídos,
vós que ainda não encontraram o amor,
esse afago da alma,
essa doçura do espírito:
basta seguir o caminho do carinho
e a vontade da partilha,
e lá o encontramos!
Vós, ó incrédulos do amor,
enquanto assim viverdes, nunca o encontrareis:
Abraçai a fraternidade
e a dedicação incondicional.
Ó carentes do amor,
que o procurais nas desertas ruas,
aí, não o encontrais:
Procurai nos rostos da alegria,
nas vozes da simpatia,
e o encontrareis nos corações da felicidade.

Onde está o amor?!
Ouve-se o grito do apelo,
vindo das vozes dos infelizes,
dos insípidos do afecto.
É preciso acreditar na sua existência,
é preciso partilhar, sonhar que ele está além;
naquele raiar que transparece dos corações
sinceros e afectivos.

Mas que mágoa esta,
que dor que me atravessa,
ao ver quantos seres despovoados de amor:
eles vivem nos silêncios da escuridão,
como lhes falta a luz da felicidade e da alegria, 
a luz da vida!

Quisera eu ser luz ou vento, não sou, lamento.
Quero ser alegria, simpatia,
ou carinho e bálsamo da dor...
para espalhar em todos os corações,
o frescor do amor:
Então seria um ser feliz,
um ser que encontrou o amor!

 Valdemar Muge

Saturday, September 03, 2016

JUNTO AO MAR



No reclinado sossego deste mar
que as ondas vão deslizando na branca areia
que  meus pés a vão percorrendo,
a água me vai segredando os sentidos
do que tem guardado, dos que a têm abraçado:

Quantas lágrimas ela traz,
no sussurro marejar que faz,
que fora de quanto aconchego de desabafos,
de dor, de angústia, de trabalho.
Com essas lágrimas que então recebeu,
estas águas quanto mais salgadas ficaram
com a dor dos corações que se exalou.

Naquelas areias,
vislumbro os sulcos dos pés dos homens do mar,
das labutas contidas
e das recompensas merecidas;
das varinas daquela praia,
com o seu trabalho,
com a sua graça, com a sua alegria!:
É a gente daquela praia,
os homens e as mulheres do mar,
os pescadores e as varinas
que na alma têm a vastidão
da grandeza do seu mar,
que embarcam nas marés da dor e da alegria,
da amargura e da felicidade,
como se esse mar fosse só seu!

É neste sentir junto ao mar,
que meu peito se abre
e recebe esses segredos seus,
que em mim ficam como sendo teus e meus.
Tu mar,
que a meus pés vens desaguar,
me vens segredar as tuas saudades
neste teu porto amigo,
te recebo tuas mágoas,
tuas glórias, que nas tuas águas encerras.

Ficarei aqui, até quando não sei!
Abraçando-te,
repousado nesta areia…
será este mar, morada minha,
companheiro de alma salgada
que eu ainda não tinha.

 Valdemar Muge

A CRIANÇA E O MAR



Tão grande que és ó mar,
e cabes nas mãos de uma criança;
Tão bravo és,
e afagas a doçura de um petiz;
Salgado o és,
mas como doce e afável te tornas,
quando deslizas aos pés daquela criança.
Num coração tão pequeno, ó águas do mar, o afagas,
é possível partilhar tamanha grandeza do universo,
porque os sonhos,
são os criadores da vastidão do amor!

 Valdemar Muge