Saturday, November 29, 2014

O ROSTO QUE VEJO


Quanto nas ruas povoa a tristeza, a desilusão
e o desespero nos rostos das lágrimas derramadas,
das dolorosas palavras vindas,
dos atos ocorridos ao coração posto…
mas no meio dessa multidão,
vejo o teu rosto de esperança, de paz,
de afeto para todos por onde passais;
vejo-o com a aurora que desponta para a vida,
confiante de que vencerá os obstáculos que lhe surgem.

Na terra dos corações despovoados,
nos escombros e seres mutilados das guerras,
nos charcos apodrecidos das tragédias que o tempo deixa
essas marcas na triste história da humanidade,
haverá uma flor que brotará,
uma flor de esperança,
da vida,
do renascer à luz da fraternidade
que em toda a terra se espalhará.

No teu rosto, o brilho do teu olhar,
encontro-o na vida das fontes e na carícia dos rios,
a serenidade de teu rosto,
na frescura das ondas do mar
e no aconchego da aragem marítima.
Tua presença povoa no vento que nos abraça
e no sol que nos ilumina e nos enlaça.

Neste dilacerado mundo que nas ruas percorro,
sempre haverá uma flor de paz que nascerá,
um coração de amizade que aparecerá,
uma vida que fecundará as raízes do bem querer
e da harmonia.

Valdemar Muge

Sunday, November 23, 2014

MENINA DO AMOR ESPERADO


Menina que à janela estás
com o passarinho no seu jardim, cantando.
A saudosa menina do seu tempo passado,
agora tem o como companhia para suas recordações:
Olha o jardim com olhos de nostalgia
e coração de quem não vê o que queria.
Esse, o seu triste destino à janela tido.
Ó mocidade presenteira que da Praça vinha
e da Graça não menos deixavam de vir,
por eles, os encantos da donzela como eram elogiados,
dignos de cativar corações e até ser amados.
A aragem marítima do Furadouro,
trazia-lhe quantas afabilidades que ao seu coração
envolvia e o encanto da Ria, da Ribeira,
pairava os olhares iluminados,
mas esses brilhos no seu coração não pousava.
Com o aroma das rosas dos Campos
ou das tílias da Arruela,
não menos digno elogiar lhe era dado,
mas seu coração, esse, sempre fechado.
Que destino este para a menina da janela ter
e agora só triste, com o passarinho no jardim ficar.

O certo é que seu coração um outro amava, mas esse,
modesto que era, melhor vida queria
e para outras terras imigrou e a donzela sem ele ficou.
À janela ficou à espera que um dia o seu amado chegue
de quem ainda não chegou.
O passarinho à saudade lhe vai cantando,
àquele triste coração quantas vezes chorando.

São razões co coração
que dita o que sente,
por mais que diga que pode não ter razão,
mas ele sempre diz que não mente.


                                 Valdemar Muge

Sunday, November 16, 2014

DEPOIS


Quanto os teus olhos viram!
Um mar de dissabores e confusões,
e imensos desesperos e dilacerações, nos seres:
Nos quantos fogos e inundações, causados;
nos choros e gritos de inocentes
das mortes provocadas entre os povos;
nos rios da miséria que não têm fim
e que ao abandono morrem esses seres condenados;
na terra dos rostos encobertos da maldade e falsidade
que proliferam neste conturbado mundo.

Oh, quanto os teus olhos viram!
Mas não te desesperes.
Há-de ressurgir a força do arrependimento.
Há-de surgir uma nova luz nos corações
e compreensão nos seres,
e então, depois nascerá do meio dos escombros,
do meio do chão queimado das dilacerações,
as flores da paz e da fraternidade,
as flores do amor e da bondade.

Depois, em cada coração,
Haverá a felicidade
Irmanada entre os povos que se querem.


              Valdemar Muge

Saturday, November 08, 2014

OS SENTIDOS DA VIDA

Os sentidos da vida, passam em cada dia,
em cada momento.
A vida que por nós passa,
são razões do nosso querer,
são gostos que desejamos,
são factos do passado, do presente e do futuro.
São leis naturais da vida
que fazem parte da nossa existência.
Pelo gosto do teu trabalho,
o transformas em dinheiro;
pela necessidade do teu dinheiro,
o convertes em pão;
pela existência do teu pão,
o dissimulas em vida;
pela razão da tua vida,
a transformas-te em amor;
pelo amor que possuis, se transforma:
nas manhãs floridas que o aroma das pétalas envolve;
nos anúncios da paz que os corações tanto anseiam ;
na felicidade tão desejada,
que sempre exista em cada sorriso, em cada olhar,
em cada abraço e em cada coração.

Assim é o círculo da vida,
razão da nossa existência.
São razões do tempo presente,
antes que ele parta para um futuro ainda ausente.



Valdemar Muge